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347 titles
- DirectorSamuel BayerStarsJackie Earle HaleyRooney MaraKyle GallnerThe spectre of a disfigured man haunts the children of the parents who murdered him, stalking and killing them in their dreams."Tem o mesmo problema do reboot de Sexta-Feira 13: o vilão foi diminuído a uma sombra pálida da interpretação original." (Alexandre Koball)
"O pesadelo de verdade é para o espectador que assiste." (Josiane K)
"Ninguém deixa os grandes vilões dos filmes de terror oitentistas descansar em paz. Freddy Krueger marcou uma geração naquela época, e é lá que deve permanecer." (Heitor Romero)
"Repugnante." (Junior Souza)
"O horror não é sutil em "A Hora do Pesadelo", que retorna Fred Krueger, assassino que ataca dentro de sonhos. E, se até nos sonhos podem existir crimes reais, que segurança pode haver no mundo? (* Inácio Araujo *) - DirectorFrank DarabontStarsThomas JaneMarcia Gay HardenLaurie HoldenA freak storm unleashes a species of bloodthirsty creatures on a small town, where a small band of citizens hole up in a supermarket and fight for their lives.no
"O desenvolvimento do filme prende o espectador e o final impactante o deixa pensativo por algum tempo após o subir os créditos. No bom trabalho de direção, Marcia Gay Harden é o grande destaque do elenco." (Welinton Vicente)
"O supermercado que funciona como abrigo de salvação dos humanos serve de analogia à própria sociedade, quando o medo passa a ser comunitário e deixa as ruas para invadir nossas próprias casas. Bastante interessante, ainda que cambaleie em certos momentos." (Junior Souza) - DirectorStephen DaldryStarsMeryl StreepNicole KidmanJulianne MooreThe story of how the novel "Mrs. Dalloway" affects three generations of women, all of whom, in one way or another, have had to deal with suicide in their lives.yes
"Quando a dor é maior que a própria vida." (Junior Souza)
75*2003 Oscar / 65*2003 Globo / 2002 Urso de Ouro / 2003 César - DirectorTobe HooperStarsElizabeth BerridgeShawn CarsonJeanne AustinFour teenagers visit a local carnival for a night of innocent amusement, but soon discover that nothing there is innocent or amusing.no
"Tá, Funhouse cozinha a gente durante um bom tempo, mas é divertido de uma maneira que só os representantes dessa safra oitentista conseguem ser." (David Campos)
"Divertidíssimo, com atuações fracas, na mesma proporção das cenas de gelar a espinha." (Alexandre Koball)
"Fica enrolando o tempo todo e só vai para os finalmentes nos últimos cinco minutos. E toda a espera acaba não valendo tanto a pena." (Heitor Romero) - DirectorJean-Marc ValléeStarsEmily BluntRupert FriendPaul BettanyA dramatization of the turbulent first years of Queen Victoria's rule, and her enduring romance with Prince Albert.yes
"Vai além da burocracia das cinebiografias recentes, ao criar um triângulo amoroso interessante. Além de ser artisticamente maravilhoso." (Alexandre Koball)
"Mesmo que pareça, por vezes, apressado, o roteiro é bem feito a ponto de amarrar e compactar bem as histórias. Um filme agradável, belissimamente fotografado e, até certo ponto, instrutivo." (Silvio Pilau)
"O filme em sua instância biográfica é uma concepção elegante e romântica sobre a vida da jovem Vitória, suas barreiras psicológicas e sociais antes de tornar-se rainha. Restringe-se a isso. A beleza e serenidade da inglesa Emily Blunt fortalece a obra." (Marcelo Leme)
82*2010 Oscar / 67*2010 Globo - DirectorRainer Werner FassbinderStarsBrad DavisFranco NeroJeanne MoreauA handsome sailor is drawn into a vortex of sibling rivalry, murder, and explosive sexuality.no
"Algo entre o surreal, o sodômico e o dramático." (Heitor Romero) - DirectorSatyajit RayStarsKanu BannerjeeKaruna BannerjeeSubir BanerjeeImpoverished priest Harihar Ray, dreaming of a better life for himself and his family, leaves his rural Bengal village in search of work."Diz a lenda que Satyajit Ray não tinha nenhuma experiência anterior com cinema. Fica difícil acreditar nessa história ao vermos os belos e rigorosos planos, a naturalidade do elenco, e a sensibilidade na condução de um tema tão universal. Belo filme." (Regis Trigo)
A visão de um grande cineasta por trás do olhar de uma criança.
''O cinema de Satyajit Ray foi influenciado principalmente por dois grandes nomes: o cineasta Jean Renoir e o escritor Anton Chekhov. Do diretor francês, de quem foi assistente de direção em O Rio Sagrado (The River, 1951), Ray herdou em especial o rigor estético, o que explica todo seu apuro técnico e seu manuseio fluente de câmera. Do romancista russo veio a influência nos temas que Ray procurou discutir em suas obras, que se resume basicamente na retratação de realidades tristes, ambientadas na sua maioria em paisagens desoladas, mas privilegiadas por uma abordagem poética e um tanto amarga. Com base nessas grandes referências, Ray construiu um cinema diferente daquele mais popular da Índia. Fugindo dos musicais multicoloridos e do uso dos cenários para a produção de aventuras exóticas, o que o cineasta procurou trabalhar foi no que havia de mais humano em comum em seu país, trazendo ao cinema indiano os princípios reges do movimento neorrealista italiano. ''A Canção da Estrada'' (Pather Panchali, 1955) foi um primeiro passo nessa jornada de Ray, e talvez o mais importante de todos. Não adepto aos popularescos dramas musicais de Bollywood, esse talvez tenha sido o título mais importante do cinema indiano desde a época do cinema mudo, principalmente por ser todo falado no idioma bengali, uma língua minoritária do país, ao contrário da maioria das produções faladas em híndi (a introdução do som no cinema foi ainda mais complicada para a Índia, um país com cerca de 18 idiomas oficiais e mais várias centenas de dialetos). Fora a ousadia de se filmar um filme em bengali, de teor artístico e sem tanto apelo comercial, há ainda a questão da fidelidade à realidade proposta por Ray. Querendo mostrar seu país como um lugar de conflitos também humanos, o maior desafio do cineasta foi convencer não somente o público internacional, como também os próprios indianos. Foi então que o cineasta confirmou seu estilo não só estético (um capricho na composição de planos impressionante para um diretor iniciante), mas também temático. O desapego como consequência da descoberta de novos horizontes foi sempre o tema mais recorrente em sua filmografia. Seja o velho aristocrata decante preso ao passado e incapaz de enfrentar os novos tempos em A Sala de Música (Jalsaghar, 1959), seja o deslumbramento dos irmãos Apu (Subir Bannerjee) e Durga (Uma Das Gupta) diante da modernidade que começava a se enveredar pela zona rural de seu lar, todo o universo do cinema de Ray gira de uma forma ou de outra em torno do impacto da modernidade sobre um milenar conjunto de tradições arraigado em seu país. No caso dos irmãos Apu e Durga, personagens de ''A Canção da Estrada'', tudo é ainda mais impressionante, por se tratar da vida de duas crianças inocentes. Nascidos e criados na pobreza, filhos de uma mãe sofrida e de um pai materialista que está sempre a viajar para ganhar mais dinheiro, os dois são a representação do ser humano em seu estado mais primitivo e natural. Tudo para eles é sempre muito novo e muito impressionante, e a cada dia se aventurando pelas matas que rodeiam sua aldeia é sempre uma nova descoberta. Enquanto deixa a cargo da mãe e da avó representarem o passado indiano, ainda apegado a tradições familiares e religiosas, Ray coloca sob responsabilidade de seus atores mirins trazer uma visão deslumbrada sobre o novo mundo que começava a se formar – e nada melhor do que o olhar inocente e impressionável de uma criança para nos fazer entender isso da maneira mais clara possível. Três cenas-chave exemplificam as principais intenções do diretor com esse filme. A primeira se desenrola quando o pequeno Apu e sua irmã mais velha Durga, escondidos da mãe, escapam para longe da casa apenas para poder ver um trem passando pela ferrovia. Aquela máquina a vapor penetrando um cenário praticamente virgem, rodeado de matas e campos, é como o anúncio de que aquela modernidade tão procurada pelo patriarca da família se aproximava rapidamente, disposta a mudar o conceito de vida que todos ali mantinham. A segunda se dá quando um grupo de saltimbancos aparece vendendo guloseimas e brinquedos, causando euforia entre as crianças da vizinhança, que os seguem hipnotizadas, gritando e cantando de alegria diante de algo tão simples como um doce. A terceira, por fim, traz os dois irmãos dançando e correndo na chuva, em pleno contato com a natureza do local. Com essas duas cenas Ray dá conta de transmitir o que mais queria em seu filme: colocar sua câmera no olhar de duas crianças, tanto para enxergar um mundo novo, quanto para aproveitar o mundo já conhecido. Diante de longos planos que retratam a rotina sofrida desse núcleo familiar, Ray discute não apenas a ânsia/desconfiança com a modernidade, mas principalmente o temor do desapego, o medo do conceito de família ser alterado, maculado – ansiedades expostas em especial pela mãe, a mulher submissa, indignada pelo descaso do marido com a família, sempre nervosa e irritadiça. Reside aí a influência principal do neorrealismo italiano, com o diferencial do teor poético presente m cada cena. Mais que um trabalho de cineasta, A Canção da Estrada é um trabalho de poeta, um homem que foi capaz de extrair de situações tão cotidianas uma beleza singular, explorada ricamente pelo alcance profundo de sua câmera, seus planos amplos e contemplativos, e a fotografia em preto e branco arrebatadora de Subrata Mitra (colaborador recorrente de Ray). Este é o primeiro capítulo de uma trilogia, ou saga vivida pelo personagem Apu, que seria completada posteriormente pelos filmes O Invencível (Aparajito, 1956) e O Mundo de Apu (Apur Sansar, 1959). A trilogia no geral talvez seja a maior representação da combinação de elementos que compõe o cinema poético e sensível de Satyajit Ray – uma mistura de realismo, poesia, amargura e irrepreensível técnica (tudo que Danny Boyle tentou fazer sem sucesso no falho Quem Quer Ser Um Milionário [Slumdog Millionaire, 2008]). Apesar de percebermos muito de Renoir nestes filmes, o que prevalece o tempo todo é a sensação de estarmos vendo algo novo e empolgante – afinal, é da vontade de Ray que seus espectadores sejam assim como seus personagens principais de ''A Canção da Estrada'': crianças inocentes diante de uma nova descoberta." (Heitor Romero)
1955 Palma de Cannes - DirectorOlivier NakacheÉric ToledanoStarsJean-Paul RouveGérard DepardieuAnnie GirardotOne is too shy to start a relationship, other too unsettled to stay in one. Will their friendship help them to find the right woman for both?APENAS BONS AMIGOS
"Uma simpática história e solidão, persistência e esperança no amor." (Alexandre Koball) - DirectorChristopher SmithStarsEddie RedmayneSean BeanCarice van HoutenSet during the time of the first outbreak of bubonic plague in England, a young monk is given the task of learning the truth about reports of people being brought back to life in a small village."Reconheço o rigor dos enquadramentos, a excelência dos atores, e a beleza de sequências como a do helicóptero parado sobre o monastério e a refeição ao som de Tchaikovsky. Mas tudo é tão lento e solene que a sensação geral foi de desconforto e irritação." (Bernardo D I Brum)
- DirectorSam WoodStarsGroucho MarxChico MarxHarpo MarxA veterinarian posing as a doctor teams with a singer and his friends as they struggle to save an upstate New York sanitarium with the help of a misfit racehorse."Os Marx estão afinadíssimos e ágeis como quase sempre aqui, mas há excessos que acabam prejudicando o ritmo do filme, como os longos números musicais." (Alexandre Koball)
"Variação de "Uma Noite na Ópera", só que menos gozado. Algumas cenas resistem muito bem (Groucho imitando vozes ao telefone, Chico vendendo os livros para Groucho, e Harpo fazendo mímica para Chico), o que não aconteceu com o filme de um modo geral." (Regis Trigo)
10*1938 Oscar - DirectorEdward BuzzellStarsGroucho MarxChico MarxHarpo MarxThe Marx Brothers try to help the owner of a circus recover some stolen funds before he finds himself out of a job.NO CIRCO
"Irving Thalberg foi o produtor dos dois primeiros filmes dos irmãos Marx na MGM. Sua morte afetou em cheio a qualidade dos projetos seguintes do grupo. Isso fica evidente aqui, um trabalho já sem o mesmo nível de texto e com poucos momentos memoráveis." (Regis Trigo) - DirectorMichael PolishStarsWinona RyderMark PolishSean AstinAn author who returns to his hometown to deliver a commencement address to a class of graduating high school students has to deal with his feelings for an old flame as well as the advances of a student who has the hots for him."Comédia romântica mínima, pequena, com atrativos quase que inexistentes (Winona, o que você faz aqui?)." (Alexandre Koball)
- DirectorGuillem MoralesStarsBelén RuedaLluís HomarPablo DerquiThe story of a woman who is slowly losing her sight whilst trying to investigate the mysterious death of her twin sister."Um suspense requintado, com reviravoltas bem desenvolvidas, boa técnica (embora tudo isso não seja lá um elogio muito grande, é praticamente o básico do cinema comercial moderno). A forma como lida com a relação imagem/visão é interessante também." (Alexandre Koball)
- DirectorCharles ChaplinStarsCharles ChaplinMaxine AudleyJerry DesmondeA recently-deposed European monarch seeks shelter in New York City, where he becomes an accidental television celebrity and is later wrongly accused of being a Communist.UM REI EM NOVA YORK
"Chaplin deixando de lado a necessidade de ser engraçado a todo o momento para mostrar sem dó o seu lado mais amargo e crítico. Ele nunca esteve tão livre de seus próprios artifícios." (Alexandre Koball)
"Chaplin já havia satirizado diretamente o nazismo em O Grande Ditador, aqui faz um ataque frontal ao macarthismo, crítica a televisão e a publicidade, e com muito bom humor destila seu ressentimento contra o país que o exilou. Quase uma obra-prima." (Vlademir Lazo)
"Chaplin deixando de lado a necessidade de ser engraçado a todo o momento para mostrar sem dó o seu lado mais amargo e crítico. Ele nunca esteve tão livre de seus próprios artifícios." (Heitor Romero) - DirectorDominic JamesStarsJohn Pyper-FergusonEmily HampshireCaterina MurinoSix strangers wake up in cells in an underground facility. Their captive decides their fate with the roll of a die.JOGOS SUICIDAS
"Carece de nojura e tensão para ser relevante." (Alexandre Koball) - DirectorMike MillsStarsEwan McGregorChristopher PlummerMélanie LaurentA young man is rocked by two announcements from his elderly father: that he has terminal cancer and that he has a young male lover."Cai em clichês e estereotipa seus personagens, mas é sensibilíssimo, emocionante e belo, com um toque certeiro de bom humor." (Alexandre Koball)
"O filme cresce nos flashbacks, quando o protagonista, ainda garoto, contracena com a mãe, e já mais velho, com o pai. No tempo presente, o romance se alonga demais, e a obra se arrasta um pouco. Mas no geral, um trabalho delicado e acima da média." (Regis Trigo)
69*2011 Globo - DirectorF.W. MurnauStarsGeorge O'BrienJanet GaynorMargaret LivingstonA sophisticated city woman seduces a farmer and convinces him to murder his wife and join her in the city, but he ends up rekindling his romance with his wife when he changes his mind at the last moment."Não apoio obrigatoriedades quando se fala de cinema, mas Aurora é um filme essencial para a bagagem de qualquer cinéfilo, tanto pelo seu significado como marco inicial de uma nova era importante para o cinema como também pelo seu amplo valor histórico." (Heitor Romero)
"Dá um passo a mais em relação aos filmes de sua época: o protagonista é violento, busca redenção na cidade grande, reapaixona pela sua mulher; porém, nada disso é comparável ao espetacular uso da câmera, que parece espiar cada passo do casal." (Rodrigo Cunha)
"É daqueles casos especiais em que a forma deixa o filme muito mais interessante. Câmara com movimento - algo até então revolucionário - narrativa com pequenos flashbacks elegantes e fotografia auxiliar ao sufocante enredo." (Emilio Franco Jr)
Uma mistura de gêneros que utiliza a estética do Expressionismo Alemão. Se sai melhor quando funciona como terror ou suspense.
"Como um dos principais nomes do Expressionismo Alemão, Murnau foi convidado pelos estúdios da Fox nos Estados Unidos a realizar um filme desse estilo em Hollywood. O resultado acabou sendo Aurora, uma mistura curiosa – e boa – de drama, comédia, romance e suspense. Hoje, 80 anos depois de seu lançamento, o filme é reconhecido como um dos grandes de sua década. Embora não seja uma autêntica obra expressionista, ela possui muitos elementos que fizeram deste um dos movimentos mais interessantes da época muda do cinema, como cenários escuros, formas irregulares e expressões e maquiagem exageradas por parte dos atores. A história, simples, possui uma linha de desenvolvimento bastante irregular. Enquanto somos presenteados com uma cena incrivelmente tensa no ato inicial, quando o marido tenta matar sua esposa, afogando-a, a pedido de sua amante (o suspense é simplesmente perfeito), minutos depois estaremos presenciando uma cena do mesmo marido correndo atrás de um porco em um parque de diversões, no melhor estilo de Chaplin. Dessa forma, vale destacar que o filme possui capítulos bem destacados, cada um representando um dos gêneros citados anteriormente. Mas nenhum deles acabaria sendo melhor que o primeiro ato. ''Aurora'' adquire traços totalmente inocentes quando o casal chega à cidade. Cenas singelas criam um contraste vibrante com as cenas de terror presenciadas até então. O casal se reencontrando, se apaixonando novamente, com diversões banais como uma foto romântica e um passeio no parque de diversões são exemplos dessas cenas. Murnau criou uma boa diferenciação com o conflito campo versus cidade, e os dois lugares são tratados como mundos totalmente opostos. A cidade é tratada como uma vilã (a amante do marido mora lá), enquanto o campo é um lugar apaziguador, com pessoas colaborativas. A diversão que o casal encontra na cidade parece sempre artificial, conquistada somente com o dinheiro, basta reparar na quantidade de cenas que mostram o marido pagando pelo entretenimento às outras pessoas. Os cenários são densos, escuros, aterradores, como o Expressionismo declarava que deviam ser. Em todo o filme há sombras, e mesmo o parque de diversões possui aspecto que lembra um lugar aterrador, ainda que de forma quase subliminar. Ao mesmo tempo em que temos essa parte do filme situada para a comédia e para o romance, o clima nunca é leve, o que traz uma sensação de estranhamento única, porém previsível para um filme do estilo e do diretor Murnau. Não é algo necessariamente bom, as cenas cômicas parecem ter sido feitas sob encomenda pela Fox para o diretor, somente para agradar ao público. Elas não se encaixam na estética de forma alguma, e alguns trechos como um porco ficando bêbado são absolutamente gratuitos. ''Aurora'' foi o primeiro filme da Fox que teve uma trilha sonora previamente gravada. Além disso, há outros aspectos técnicos interessantes a serem destacados. Apesar de ser lançado no ano de surgimento do cinema falado – 1927 – o filme ainda é da era muda, mas contém caracteres de falas bem dinâmicos, tratados com efeitos especiais, como a palavra afogada, que aparece escorrendo na tela. Algumas superposições de imagens, principalmente na introdução do filme, são bastante interessantes e inteligentes para a época, trazendo um ritmo veloz e divertido aos primeiros minutos do longa-metragem. Embora não seja este o filme correto para conhecer a filmografia do diretor Murnau, e muito menos para conhecer melhor o movimento do Expressionismo Alemão, ''Aurora'' é uma mistura de gêneros interessante e no mínimo diferente. Nesse caso, o conteúdo não encaixou perfeitamente com a estética, mas pelo menos isso resultou em um trabalho intrigante que vale a pena ser conferido por quem gosta de cinema. A primeira parte do filme é simplesmente sensacional, com uma seqüência tensa e assustadora. Daí para frente, cabe a você julgar se gosta da combinação que o diretor alemão criou a pedido de um estúdio norte-americano." (Alexandre Koball)
Um dos grandes filmes do início do cinema, Aurora cristalizou a despedida do cinema mudo e a chegada de uma nova ordem.
''Um dos mais emblemáticos filmes da era do cinema mudo, Aurora é, mais que um tocante filme com uma história de amor, um filme que discute mudanças sociais. Ainda que seja do início do século passado, debate questões que estão muito presentes no mundo atual, como a do êxodo rural e a sociedade de consumo – afinal, recentemente a população urbana, pela primeira vez na humanidade, ultrapassou em quantidade a população rural. Lançado em 1927 e dirigido pelo alemão F. W. Murnau, esta produção norte-americana é peculiar em diversos aspectos. Primeiro, por ser um filme que contém elementos da estética do cinema expressionista alemão, malgrado seja baseado em uma história de amor melodramática. Foi bastante significativo para a o cinema na época (apesar da baixa bilheteria), sendo considerado também o primeiro filme do Oscar - ainda que não tenha levado o principal prêmio, é a obra mais lembrada da primeira cerimônia da festa mais midiática do cinema. Entretanto, a grande contribuição de Aurora deve-se a sua narrativa simbólica, a sua mensagem que era um prenúncio das mudanças iminentes na sociedade do séc. XX. O ponto de partida da trama tem início quando um casal do campo tem a vida abalada pela chegada de uma estranha da cidade, que passa a ser amante do homem campestre, formando um triângulo amoroso. Até aí, nada excepcional. Porém, é certo que, entendido como uma obra de arte, um filme jamais será meramente uma narrativa literal, mas sim um discurso simbólico que lida com valores e concepções de mundo. Em sua carga melodramática, nas desventuras de um casal interiorano tendo sua vida tentada pelos prazeres da cidade, reside em Aurora o discurso que visa debater a dualidade entre campo e cidade, o fascínio exercido pelo ambiente urbano e toda a sua velocidade, automatização e suas pirotecnias – o primeira imagem do filme é justamente de uma estação ferroviária, trens e máquinas em movimento. Frente ao ambiente pacato e ingênuo do interior, surge de forma ameaçadora uma nova ordem, voltada ao prazer, ao rompimento com a moral e com valores religiosos. Esteticamente, ''Aurora'' revolucionou o cinema americano, até então predominantemente um cinema de câmera estática e plano fixo. Logo nas sequencias iniciais, a câmera passeia em tomadas sem cortes pelo ambiente rural em pleno luar, uma movimentação de câmera primorosa que fez escola e maravilhou os cineastas da época. Os contrastes de claro e escuro, não somente a grande característica visual do filme, também uma herança do cinema alemão da década de 20, atribuem um significado à dualidade entre campo e cidade, mas também a consciência cindida de um homem diante de tentações. Nesse sentido, há um tom melancólico de despedida de uma época que marca Aurora. A revolução industrial, a velocidade dos trens, o automatismo das máquinas, o estabelecimento do capitalismo e o consumo crescente são postos no filme como agentes transformadores, elementos que agem no sentido de romper, em um caminho sem volta, valores como honestidade, integridade e fidelidade. A mulher urbana, bem caracterizada com cabelos negros e curtos, parece interessada em dinheiro sem enxergar obstáculos que não possam ser superados pela quebra da moral – nem que para tanto seja necessário trair e matar. Nesse ponto, é possível vislumbrar um fenômeno de intertextualidade com o livro de Gênesis, presente na Bíblia. A transgressão, o pecado e a quebra de conduta no livro são propostas pela mulher, que, em Aurora, da mesma forma, parte da personagem da mulher urbana que, sorrateiramente, propõe o assassinato da esposa ao homem do campo. Inegavelmente, há um tom religioso forte em Aurora. Em momento de arrependimento, ouvem-se os sinos badalando na Igreja (Aurora já contava com efeitos sonoros). Do mesmo modo, sua esposa suplica pela vida fazendo o gesto da oração com suas mãos. Assim como personagens bíblicos, o camponês interiorano parte em uma jornada de provação e redenção, na busca por absolvição dos pecados ao longo do filme. Não por acaso, o momento onde o homem cai em si, resgata seus valores originais (antes da intervenção do simbolismo da cidade), é justamente dentro da Igreja, ao presenciar um juramento de casamento. Ao ouvir badalar dos sinos ao longo de todo o filme, é possível sentir uma espécie de presença metafísica pontuando todo o longa. O próprio afogamento da esposa, a tormenta na volta, o arrependimento, tudo isso parece surgir como um castigo dos céus, uma força natural punitiva, justamente como em uma provação de personagem bíblico. Se doze anos antes, D. W. Griffith, pai da linguagem cinematográfica, trazia para o cinema mudo uma produção que abordava a guerra de secessão, como fez em O Nascimento de uma Nação, aqui, num campo muito mais sutil e simbólico, o entrave permanece. Com o final feliz, aparentemente há um triunfo da vida serena, do trabalho honesto, a vitória do amor sobre as tentações. No entanto, é possível que o final feliz tenha sido construído mais no intuito de agradar o massivo público feminino da época, uma realização do gosto burguês pelo equilíbrio e harmonia do lar do que uma constatação premonitória dos rumos dos novos tempos. Hoje é mais que evidente que o ambiente urbano e seus valores, sua lógica do espetáculo e do conforto triunfaram sobre o ambiente rural, haja visto o êxodo rural, o inchaço da população urbana e a galopante massificação do consumo. Depois de 1927 o cinema passou a ter som, houve a quebra da bolsa, a Segunda Guerra Mundial, as transformações sociais dos anos 60, e muito da ingenuidade, dos valores morais e da relação do homem com a religião mudou. E não há dúvidas de que Aurora era um cinema à frente de seu tempo." (JUliano Mion)
01*1928 Oscar
Top 250#158 - DirectorMichael PowellStarsKarlheinz BöhmAnna MasseyMoira ShearerA young man murders women, using a movie camera to film their dying expressions of terror."Se as motivações psicológicas do protagonista parecem ter envelhecido, os elaborados enquadramentos e o sofisticado uso da luz - marcas registradas do diretor Michael Powell - explicam o culto que o filme conquistou ao longo dos anos." (Regis Trigo)
"O fetiche do olho, frontal e vulgar, pela primeira vez exposto no cinema. Em A Tortura do Medo, os pontos de vista trespassam uns aos outros, se refratam e se devoram na retina do espectador, que é vítima e assassino, lentes e tela ao mesmo tempo." (Luis Henrique Boaventura)
"Junto com Psicose, influenciou toda uma geração de filmes de terror americanos, em especial os slashers, além de ter sido um dos pioneiros em usar o recurso de colocar o espectador na posição de cúmplice do assassino." (Heitor Romero) - DirectorWes CravenStarsSandra PeabodyLucy GranthamDavid HessTwo teenage girls heading to a rock concert for one's birthday try to score marijuana in the city, where they are kidnapped and brutalized by a gang of psychopathic convicts."À frente de seu tempo com relação ao nível de violência apresentado (incluindo cena de estupro e muita nudez), ao mesmo tempo em que adota um tom satírico muito divertido (com interpretações pífias). Violência gratuita, mas entretenimento excepcional." (Alexandre Koball)
"Um filme que continua hoje bem pesado(muito mais que seu remake)e chocante, embora ainda que cheio de problemas técnicos e enfraquecido por atuações mornas. O humor sutil peculiar de Craven também está presente." (Heitor Romero) - DirectorNicolas Winding RefnStarsMads MikkelsenMaarten StevensonAlexander MortonForced for some time to be a fighting slave, a pagan warrior escapes his captors with a boy and joins a group of Crusaders on their quest to the Holy Land.O GUERREIRO SILENCIOSO
"É difícil não se deslumbrar com a força das imagens de Winding Refn e com a impecável construção de uma atmosfera quase onírica. Porém, quando não há uma história ou personagens interessantes, a jornada se torna entediante e cansativa, o que ocorre aqui." (Silvio Pilau) - DirectorJohn HamburgStarsPaul RuddJason SegelRashida JonesFriendless Peter Klaven goes on a series of man-dates to find a Best Man for his wedding. But, when his insta-bond with his new B.F.F. puts a strain on his relationship with his fiancée, can the trio learn to live happily ever after?"Uma comédia romântica de amigos, quem diria. Surpreende positivamente, da trama original à ótima trilha sonora baseada na banda Rush." (Rodrigo Torres de Souza)
"Tem espírito leve e diversão descompromissada verdadeira." (Alexandre Koball)
"A trilha-sonora (Rush, Spoon, Flaming Lips, Vampire Weekend) é genial, e o filme possui humor bastante divertido pensado sobre trivialidades de relacionamentos entre amigos e entre casais. Bela surpresa." (Daniel Dalpizzolo)
"Imprevisível e bonito, mas nunca tão engraçado a ponto de nos marcar. Mas nem é essa a intenção, 'Eu Te Amo, Cara', diferente das outras comédias, quer nos fazer pensar. Mas a que preço?" (Rodrigo Cunha)
"A premissa é tão parecida com a do filme Meu Melhor Amigo, de Patrice Leconte, que até parece uma refilmagem. Nas entrelinhas, o roteiro traz uma interessante discussão sobre a descoberta da sexualidade masculina. E Paul Rudd é um ator sempre confiável." (Regis Trigo)
"Fugindo bastante dos clichês, filme diverte e entretém, principalmente graças ao ótimo elenco. Além disso, o roteiro e a direção de Hamburg oferecem um olhar de ternura aos personagens, tratando-os como pessoas reais. Merece ser descoberto." (Silvio Pilau)
"Legal. Que os insights de Seinfeld continuem inspirando filmes nos próximos anos." (Luis Henrique Boaventura)
"Várias piadas se perdem naquele meio, seja porque o humor não é particularmente inspirado ou mesmo porque falta timming a algumas cenas. Contudo, quando investe essencialmente no relacionamento, o filme rende ótimos momentos e enfim encontra seu caminho." (Junior Souza) - DirectorAkira KurosawaStarsTakashi ShimuraNobuo KanekoShin'ichi HimoriA bureaucrat tries to find meaning in his life after he discovers he has terminal cancer."Sentimentalismo pedante, que fica o tempo todo tentando forçar o espectador a sentir dó do personagem principal para a história atingir seu objetivo. A meia hora final é uma enrolação sem fim e o que vale mesmo é a cena do balanço." (Heitor Romero)
1953 Urso de Ouro
Top 250#140 - DirectorÉric RohmerStarsAmanda LangletArielle DombaslePascal GreggoryMarion is about to divorce from her husband and takes her 15-year-old niece Pauline on a vacation to Granville. She meets an old love..."O plot dos filmes de Eric Rohmer é quase sempre o mesmo: João ama Maria que ama Pedro que ama Ana que ama João. Aqui, o diretor nos mostra que, em termos de conflitos amorosos, os adultos podem ser tão ou mais imaturos e egoístas quanto os adolescentes." (Regis Trigo)
"Em viagem à praia, Pauline participa pela primeira vez das complicações dos relacionamentos entre homens e mulheres - especialmente os amorosos - e é diretamente influenciada pelos desvios morais dos adultos que a cercam. Grande filme de Rohmer." (Daniel Dalpizzolo)
1983 Urso de Ouro - DirectorÉric RohmerStarsAndy GilletStéphanie CrayencourCécile CasselA romantic drama centered around a young shepherd and shepherdess and the ramifications of their forbidden affair.OS AMORES DE ASTRÉE E CÉLADON
"Rohmer utiliza-se da literatura clássica e da mitologia celta e romana para compôr um universo fantasioso em que, em meio a druídas, deuses e ninfas, vivemos um conto idílico de contemplação ao amor verdadeiro. Um delicioso filme experimental." (Daniel Dalpizzolo)
"Muitos o colocam entre os melhores filmes da primeira década de 2000. Não chegaria a tanto, mas é um belo e coerente encerramento da carreira de Rohmer, em que ele recorre às lendas mitológicas para falar do seu tema principal: os conflitos amorosos." (Regis Trigo)
2007 Lion Veneza - DirectorMarco BellocchioStarsGlauco MauriElda TattoliPaolo GraziosiVittorio is running as a Socialist candidate for the municipal office, but he gets overwhelmed by love, family and political entanglements.A CHINA ESTÁ PRÓXIMA
"Bellochio faz uso da comédia anárquica para abordar a falta de ideologia política, a diferença de classes, o oportunismo social, a liberdade sexual e a religião. A estrutura é um pouco episódica demais, mas os temas pemanecem tão atuais quanto nos anos 60" (Regis Trigo)
1968 Lion Veneza - DirectorMarco BellocchioStarsSergio CastellittoJacqueline LustigChiara ContiA celebrated painter receives a visit from a cardinal's assistant, who informs him that his mother could become a saint.A HORA DA RELIGIÃO - "Um dos melhores e mais complexos filmes de Bellochio, em que se confronta a necessidade de buscarmos uma protenção em Deus e os ritos de canonização da Igreja Católica. Sergio Castellitto, uma espécie de Al Pacino italiano, contribui para o bom resultado." (Regis Trigo)
- DirectorSidney LumetStarsTreat WilliamsJerry OrbachRichard ForonjyA New York City narcotics detective reluctantly agrees to cooperate with a special commission investigating police corruption, and soon realises he's in over his head, and nobody can be trusted."Uma espécie de versão estendida de "Serpico", que, por causa da longa duração, vai mais fundo nos conflitos do protagonista e nos meandros da corrupção policial. Ironicamente, essa mesma metragem torna o filme, em certos momentos, redundante e enfadonho." (Regis Trigo) < > "Um grande conto moral levado às últimas consequências por Lumet em um de seus filmes mais seguros e equilibrados, embora um pouco excessivo na metragem." (Daniel Dalpizzolo) 54*1982 Oscar / 39*1982 Globo ? 1981 Lion Veneza
- DirectorMartin RittStarsPaul NewmanMelvyn DouglasPatricia NealHonest, hard-working Texas rancher Homer Bannon has a conflict with his unscrupulous, selfish, arrogant, egotistical son Hud, who sank into alcoholism after accidentally killing his brother in a car crash."Com uma belíssima fotografia, repleta de composições de planos simétricos, combinadas com uma trilha sonora minimal e irretocável, "Hud" é um retrato melancólico, solitário e intempestivo de um homem em conflito. Paul Newman mais icônico do que nunca." (Juliano Mion) < > "Belissimamente filmado e conduzido por Ritt, o filme leva com sucesso o espectador ao coração de uma família prestes a se esfacelar. Ótimos diálogos, personagens bem construídos e atuações impecáveis." (Silvio Pilau) 36*1964 Oscar / 21*1964 Globo / 1964 Lion Veneza
- DirectorD.W. GriffithStarsLillian GishRobert HarronMae MarshThe story of a poor young woman separated by prejudice from her husband and baby is interwoven with tales of intolerance from throughout history."A resposta de Griffith aos críticos que o acusaram de racista pela realização de O Nascimento de Uma Nação, no ano anterior. As idéias são até boas, mas o filme envelheceu muito mal e hoje parece datado." (Heitor Romero)
- DirectorD.W. GriffithStarsLillian GishMae MarshHenry B. WalthallThe Stoneman family finds its friendship with the Camerons affected by the Civil War, both fighting in opposite armies. The development of the war in their lives plays through to Lincoln's assassination and the birth of the Ku Klux Klan."Teve uma grande repercursão em sua época por conta de todo seu avanço técnico e seu significado para uma nação patriótica como os Estados Unidos, mas hoje fica inevitável o enxergar como uma espécie de apologia ao racismo." (Heitor Romero)
- DirectorJ.P. SchaeferStarsJared LetoLindsay LohanJudah FriedlanderA film about Mark David Chapman in the days leading up to the infamous murder of Beatle John Lennon."Ainda que Jared Leto tente ao máximo conferir profundidade a Mark Chapman, a total falta de coesão narrativa prejudica demais as propostas do filme, que, no fim, funciona simplesmente como curiosidade sobre a nova perspectiva da morte de John Lennon." (Junior Souza)
- DirectorDavid TwohyStarsMilla JovovichSteve ZahnTimothy OlyphantTwo pairs of lovers on a Hawaiian vacation discover that psychopaths are stalking and murdering tourists on the islands."Certamente criado para ser um suspense psicológico denso, o filme não tem metade da tensão a que se propõe, e a reviravolta é das mais estapafúrdias." (Alexandre Koball) < > "Filme B pirado e repleto de boas ideias. Uma pena a execução geralmente estar um nível abaixo delas." (Daniel Dalpizzolo)
- DirectorRobert SiodmakStarsDorothy McGuireGeorge BrentEthel BarrymoreIn 1916, a shadowy serial killer is targeting women with "afflictions"; one night during a thunderstorm, the mute Helen feels menaced.O SILÊNCIO DAS TREVAS - "A atmosfera a Tourneur dos minutos iniciais é promissora, mas Siodmak se prende demais à história besta e à surdez da guria o que faz o filme se restringir à trama em 90% do seu tempo - como uma espécie de livro filmado. Já nos outros 10 é bem bom." (Daniel Dalpizzolo)
"Um filme menor de Robert Siodmak, que se perde em personagens tolos (Ethel Barrymore deitada na cama beira o ridículo), em um trama pífia, e num suspense quase inexistente." (Regis Trigo)
19*1946 Oscar - DirectorCristian MungiuStarsAnamaria MarincaLaura VasiliuVlad IvanovA woman assists her friend in arranging an illegal abortion in 1980s Romania."Além do tema forte, bem retratado (sem maquiagem), interpretações absolutamente coerentes (dificílimas), é uma aula de direção, de como comandar os atores e dominar a imagem sem ceder a truques baratos. Praticamente uma obra-prima!" Alexandre Koball)
"Apostando em planos longos, ausência completa de trilha sonora e interpretações naturais de seu (ótimo) elenco, Mungiu constrói um filme extremamente realista, que angustia o espectador do início ao fim. Uma obra corajosa, admirável e que faz pensar." (Silvio Pilau)
65*2008 Globo - DirectorErnst LubitschStarsCarole LombardJack BennyRobert StackDuring the German occupation of Poland, an acting troupe becomes embroiled in a Polish soldier's efforts to track down a German spy.SER OU NÃO SER
"Carole Lombard, uma das primeiras namoradinhas da américa, usa de todo seu carisma para adocicar uma história que, na verdade, é muito mais intensa do que se pode imaginar a princípio." (Heitor Romero)
15*1943 Oscar - DirectorJohn PogueStarsMercedes MasonJosh CookeMattie LiptakA plane is taken over by a mysterious virus. When the plane lands it is placed under quarantine. Now a group of survivors must band together to survive the quarantine.QUARENTENA 2: O TERMINAL - "A primeira parte desta franquia, ao menos, se assumia como uma refilmagem oficial de "[REC]". Aqui, inexplicavelmente, o grande barato da versão espanhola (a câmera subjetiva) se perdeu, igualando a obra a um filme de zumbi como outro qualquer." (Regis Trigo)
- DirectorFritz LangStarsRay MillandMarjorie ReynoldsCarl EsmondStephen Neale has just been released from an asylum during World War II in England when he accidentally stumbles onto a deadly Nazi spy plot and tries to stop it."A trama é um pouco absurda, o romance central não convence e o final - claramente imposto pelo estúdio - é ridículo. Ainda assim, Lang, trabalhando com elementos hitchcockianos, se sai bem ao construir algumas belas cenas (o tiroteio na sessão espírita)." (Regis Trigo)
- DirectorDan HarrisStarsSigourney WeaverJeff DanielsEmile HirschMembers of a dysfunctional family react differently to the suicide of the eldest son."A velha análise da classe média norte-americana, novamente com um elenco interessante, boas interpretações em uma forma tradicional de contar histórias." (Alexandre Kobal)
- DirectorRaymond De FelittaStarsAndy GarciaJulianna MarguliesSteven StraitPrison guard Vince tells Molly from acting class, that one inmate is his 24 y.o. love child. Vince takes him home to stay with his family - straight A son with fat girl fetish, college dropout/stripper daughter and cute wife."Mais um retrato competente e divertido da família de classe média norte-americana. Os estereótipos estão lá, mas a verdade também, ainda que exagerada, por mais que doa." (Alexandre Koball)
- DirectorTroy NixeyStarsKatie HolmesGuy PearceBailee MadisonA young girl sent to live with her father and his new girlfriend believes that she has released creatures from a sealed ash pit in the basement of her new home."Esses monstrinhos são genuinamente assustadores, neste delicioso terror à moda antiga. O único pecado é mostrar demais." (Alexandre Koball)
"Horror que bebe da fonte de seu produtor/roteirista, Del Toro, se revelando através de sua ótima ambientação um legítimo terror fantástico, embora perca força em seu terceiro ato.'' (Marcelo Leme) - DirectorNicholas RayIda LupinoStarsIda LupinoRobert RyanWard BondRough city cop Jim Wilson is disciplined by his captain and is sent upstate, to a snowy mountain town, to help the local sheriff solve a murder case."Traz muito daquele tom melancólico de In a Lonely Place e é enormemente belo. Ida Lupino está linda, em todos os sentidos." (David Campos)
- DirectorMartin McDonaghStarsColin FarrellBrendan GleesonCiarán HindsAfter a job gone wrong, hitman Ray and his partner await orders from their ruthless boss in Bruges, Belgium, the last place in the world Ray wants to be."Muito divertido (e eventualmente genial), Na Mira do Chefe mistura humor negro com temas sérios, como suicídio e culpa." (Alexandre Koball)
"Inteligente mistura de comédia e drama, com ecos de Quentin Tarantino. Boas atuações da dupla de protagonistas." (Regis Trigo)
81*2009 Oscar / 66*2009 Globo - DirectorSteven SoderberghStarsJulia OrmondBenicio Del ToroOscar IsaacIn 1956, Ernesto 'Che' Guevara and a band of Castro-led Cuban exiles mobilize an army to topple the regime of dictator Fulgencio Batista."Ao evitar juízo de valor sobre o protagonista, Soderbergh evita lugares-comuns típicos de biografias, mas constrói uma obra fria e distante. Del Toro está bem e compensa a narrativa irregular. Um bom filme, mas que jamais chega a empolgar." (Silvio Pilau)
Primeiro dos dois filmes de Soderbergh sobre Guevara, Che é um trabalho de conceitos interessantes – mas falho na execução.
''Curioso um projeto tão ambicioso ser tão simples quanto esta primeira parte de ''Che'', duplo-filme de Steven Soderbergh que trata da trajetória pré e pós-revolução cubana do ícone latino Che Guevara. Ainda que seja bastante difícil analisar este trabalho de Soderbergh tendo visto apenas uma das partes, já que ambas se completam e portanto podem acabar se anulando ou valorizando ainda mais, me parece que boa parte das tendências habitualmente presentes em filmes do estilo são substituídas por um particular desejo de manter a sobriedade acima de qualquer coisa, algo que dificilmente poderia se esperar de um cineasta tão academicamente anti-acadêmico como ele. O tema central desta primeira parte de ''Che'', filmada em scope com janela 2:35 – o segundo filme, que trata da tentativa de Che em estender sua vitoriosa trajetória para a Bolívia, foi fotografado com uma câmera digital de alta performance e em aspecto 1:85, mais próximo dos padrões de televisão -, é a guerrilha que resultou na tomada do poder de Cuba por Fidel Castro e seus seguidores. O grupo dos rebeldes tinha Che Guevara como um de seus principais líderes e a metade inicial deste épico de Soderbergh sobre sua vida limita-se a apresentar de maneira semi-documental os principais passos do grupo, desde o início da guerrilha, nas montanhas, até momentos antes do embate final com o exército cubano. Por mais que a questão política e ideológica esteja toda implícita em gestos e ações dos protagonistas– o que obviamente é um sempre presente elemento da ação tendo em vista os objetivos das partes neste jogo – é interessante observar a maneira com a qual Soderbergh lida com o que há de mais caro quando o assunto é Che Guevara, seus pensamentos e realizações. Há uma relação bastante fria entre o diretor e a figura retratada, vista com distanciamento e principalmente sem qualquer juízo de valor durante grande parte do tempo – a exceção fica por conta das relativamente constantes inserções em preto-e-branco de entrevistas e participações de Che no senado (encenadas, claro) que acabam funcionando como força inversa à proposta central do filme. Não existe pretensão alguma de fazer apologia ou julgamentos aos valores aos quais Che se apegava, procurando equilibrar ao máximo o direcionamento do olhar para evitar pré-conceitos. O grande diferencial de ''Che'' é que, ao contrário de outros filmes políticos sobre países latinos, Soderbergh preocupa-se muito menos em montar um painel denunciatório ou estabelecer elos morais e políticos em cada frame do que em inflar o que há de mais cinematográfico na guerrilha. The Argentine é basicamente um filme de gênero narrado de maneira seca, direta, o que faz com que a persona em estudo seja mesclada à ação apenas como mais um dos diversos elementos que a compõem. Soderbergh filma Benício Del Toro de maneira tão fria e distante que não fosse alguns momentos específicos poderia-se dizer que o filme tem por objeto central muito mais a ação do que o executor, e talvez essa discreticidade seja responsável por manter a figura de Che tão bem protegida (eu mesmo torceria o nariz pra qualquer tentativa de engrandecer o personagem já que tenho fortes tendências a não suportar panfletagem de esquerda – principalmente no cinema). Mas o que parece funcionar tão bem conceitualmente acaba revelando-se muito pouco empolgante na prática. Soderbergh não é exatamente um diretor habilidoso em manter dinâmica de gênero – vide alguns desastrosos trabalhos recentes como Onze Homens e um Segredo, Solaris e O Segredo de Berlim – e embora as seqüencias de ação sejam bastante eficientes, tudo parece desaparecer quando não há tiros e mortes na tela. A frieza que faz de Che um filme muito mais interessante do que seus primos do estilo é também seu calcanhar de Aquiles, já que com isso o tom épico pretendido perde forças, a aventura perde em ritmo e emoção e Soderbergh mais uma vez perde a oportunidade de fazer um grande filme. Que venha a parte dois, embora essa me pareça um filme de Soderbergh no pior que a expressão pode representar." (Daniel Dalpizzolo)
2008 Palma de Cannes - DirectorJavier Fuentes-LeónStarsCristian MercadoTatiana AstengoManolo CardonaAn unusual ghost story set on the Peruvian seaside; a married fisherman struggles to reconcile his devotion to his male lover within his town's rigid traditions."Era para ser um filme contra a corrente, mas afunda no mar sem fim dos clichês mais surrados - até fantasma volta do além nesse novelão latino, como é de praxe." (Demetrius Caesar)
2010 Sundance - DirectorSteve MinerStarsWilliam KattKay LenzGeorge WendtA troubled writer moves into a haunted house after inheriting it from his aunt."Apesar do roteiro miserável, tem alguns dos melhores, mais assustadores e bizarros monstros do cinema dos anos 1980." (Alexandre Koball)
o final dos anos 1980, quando o mercado brasileiro de locação de filmes ainda patinava, esse terror fez um relativo sucesso por ser uma das poucas opções do gênero em fita selada (não-piratas). Trash total." (Regis Trigo) - DirectorAkira KurosawaStarsToshirô MifuneTakashi ShimuraMinoru ChiakiAn aging Japanese industrialist becomes so fearful of nuclear war that it begins to take a toll on his life and family.ANATOMIA DO MEDO
"O tema da paranoia dos japoneses em relação a uma nova ameaça nuclear de vez em quando marca passagem em alguns filmes de Kurosawa, como Sonhos e Rapsódia em Agosto, mas em Anatomia do Medo o enfoque é maior e o diretor disseca a fundo esse grande trauma." (Heitor Romero)
"Anatomia do Medo" sintetiza preocupações recorrentes na obra de Akira Kurosawa. O medo iminente de um ataque nuclear é assunto retratado pelo cineasta em diversas obras. Mas Kurosawa não se prende apenas por este, ou por só este medo. Na trama de Ikimono No Kiroku, Kichi Nakajima ( magistralmente interpretado por Mifune) é o empresário que temeroso por um possível ataque nuclear , pretende viver no Brasil com sua família, esta porém, num embate judicial, o acusa de estar com a sanidade comprometida. Kurosawa esmiuça o comportamento humano, o oportunismo gerado pela incompreenssão, a comodidade do que é vantagoso para si. A loucura é a válvula de escape de uma possível ameaça. Ameaça a pretensões particulares, a sanidade e a razão é o comodismo. O medo é desmassificado, é transmutado em niilismo. Kurosawa sempre viveu com a acusação de realizar filmes ocidentalizados, produzindo com isso um afastamento e uma má vontade por parte da crítica de seu país. Sofreu, artística e pessoalmente. Se no ínicio filmou em profusão - em pouco mais de duas décadas foram 24 filmes - , o mesmo não se deu posteriormente, encontrando cada vez mais dificuldades em conseguir financiamento para suas obras. Veio a depressão, e tentativas de suícidio. "Anatomia do Medo" investiga as implicações causadas por uma crença que, por mais possível que possa ser, é vista com distanciamento, é subjugada como irrelevante em detrimento de um "bem maior". O da individualidade, e o da avareza. Até mesmo Nakajima (Mifune) , se entrega ao restrito, onde a solução idealizada se fecha em torno de si e de sua família. Numa cena maravilhosa se vê indagado por seus empregados, a mercê de sua própria sorte, sob as consequências do futuro, a falta de perspectiva que até então fora ignorada pelo patrão. Mas a percepção do erro é acometida e a insanidade é a redenção para Nakajima. O medo de um ataque nuclear é expandido de uma forma ainda mais aterradora , e se reverte em conformismo, em plenitude individual, onde qualquer comportamento disforme está sob a máscara da insanidade, ou seja, do que não é certo.
"Anatomia do Medo" é a massificação da loucura, e sendo assim, foi realizado pelas mãos certas." (Roberto Fonfagu)
1955 Palma de Cannes - DirectorToby WilkinsStarsShea WhighamJill WagnerPaulo CostanzoTrapped in an isolated gas station by a voracious Splinter parasite that transforms its still-living victims into deadly hosts, a young couple and an escaped convict must find a way to work together to survive this primal terror."Não fosse aquele final capenga e a desgastada e abominável câmera tremida para esconder a produção de baixo custo, Espinhos seria um prazer completo." (Alexandre Koball)
"Não tenho palavras para descrever a desnecessidade deste “Espinhos”. A obra ganhou seis prêmios no Screamfest (Oscar do terror) e depois de assisti-lo eu fico pensando: Ou estas pessoas que votam no Screamfest são sensíveis demais ou desejam premiar uma obra bem trash que consegue superar o ridículo. Vamos começar primeiro pelo roteiro. Um jovem casal e um presidiário fugitivo ficam encurralados em um posto de gasolina devido a um parasita que transforma as pessoas em um tipo de “zumbi” que nasce espinhos, e toda vez que uma pessoa é morta por causa dos espinhos, ela revive, porém, transformada em um deles. O roteiro da obra é tão precário, mais tão precário que consegue causar repudio no telespectador. O tal casal e presidiário possuem tantas oportunidades de pularem fora do posto de gasolina que assistir eles dentro da loja de conveniência desesperados como se o mundo estivesse acabando chega a ser ridículo e angustiante. Pois primeiro: não existem centenas de zumbis espinhosos no local (apenas um ou dois se não me engano), a ação se passa somente no posto de gasolina e o verdadeiro vilão da fita é uma MÃO que uma das criaturas perde. E isso tudo, parece até uma homenagem à mãozinha da família Adams, pois em Espinhos, essa pequena mão consegue causar muito mais pavor correndo atrás e pulando em cima dos personagens do que os próprios zumbis espinhosos. E outro detalhe bastante falho em Espinhos é a inexperiência do diretor Toby Wilkins para com as cenas de ataque das criaturas. A câmera mexe rapidamente e pouco mostra o ataque dos monstros, fazendo assim, com que o público não se impacte com o ocorrido e sim, ria da pieguice criada por Wilkins. "Espinhos"é um filme totalmente descartável que não causa medo e absolutamente nada no público, mas, consegue ser é engraçado devido aos seus efeitos ridículos e a horrível estrutura da trama. Sem falar na grande “mãozinha” que quando aparece, consegue roubar todo o filme." (Matheus C. Vilela) - DirectorAkira KurosawaStarsMaksim MunzukYuriy SolominMikhail BychkovThe Russian army sends an explorer on an expedition to the snowy Siberian wilderness where he makes friends with a seasoned local hunter."Muita beleza e com personagens também bonitos. Kurosawa apenas deixou o filme um pouco longo demais, tornando-o muitas vezes lento demais." (Alexandre Koball)
"É um pouco longo demais, mas se trata de uma das mais belas e sinceras histórias sobre a amizade no cinema." (Heitor Romero)
48*1976 Oscar - DirectorMikhail KalatozovStarsSergio CorrieriSalvador WoodJosé GallardoFour vignettes about the lives of the Cuban people set during the pre-revolutionary era."O filme ressente-se da falta de um foco narrativo e o tom abertamente panfletário por vezes incomoda. Mas a força das imagens de Kalatozov faz milagres. O plano-sequência em que câmera desce pelo elevador e entra na piscina é impressionante." (Regis Trigo)
- DirectorRobert AldrichStarsRalph MeekerAlbert DekkerPaul StewartA doomed female hitchhiker pulls Mike Hammer into a deadly whirlpool of intrigue, revolving around a mysterious "great whatsit"."Aldrich como bom cineasta radical que foi faz do noir a base para o fim do mundo. Melhor combinação que a deste apocalíptico policial, em que brinca feito uma criança com arquétipos de gênero para dar sua visão sobre a Guerra Fria, não há." (Daniel Dalpizzolo)
"O culto à narrativa e aos seus inúmeros meios de fazer com que o espectador mergulhe de cara numa trama avassaladora e repleta de geniais planos e elipses. Sublimação pura." (David Campos)
''Crimes, armas, mulheres fatais e heróis sem nenhum caráter. Juntem-se a isso as obscuridades predominantes nas tramas e na fotografia e te-se o que se convencionou chamar de filmenoir. O termo foi cunhado pela crítica francesa quando se deparou, no fim da Segunda Guerra, com um punhado de títulos que vinham sendo produzidos pelos americanos, mas não tinham chegado a Europa sob o domínio do nazifascimos. Mais que recorrência de temas e tratamentos, a distinção alcançada pelo noir deve-se ao fato de aqueles filmes projetaram uma imagem brutal e realista da sociedade americana, funcionarem como questionamento do otimista sonho americano até então predominante nas produções de Hollywood. A reunião de seis obras realizadas no período áureo desse subgênero do policial pérolas ainda pouco conhecidas e permite medir a influência de sua estética e de sua temática. Produzidos entre 1947 e 1955, eles pertencem ao período chamado clássicos do noir, quevai do ínicio dos anos 1940 até cerca de 1959 e foi seguido por distintas ondas de neo-noir que, desde adécada de 60, ressurgiram na forma de homenagens e pastiches. Na ordem cronológicas, "Fuga do Passado" abbre o pacote. Com a assinatura de Jacques Tourneur, é considerado um dos títulos essenciais do gênero, por causa da ênfase maior em atmosfera do que na ação e no conflito entre um homem bom, uma mulher irresistível e um chefão impiedoso. O uso de um longo flashback é outra estratégia narrativa peculiar. Aqui, a fatalidade distorce as escolhas e o teor pessimista se sobrepõe, anunciando os protagonistas sombrios do cinema americano dos anos 70 e dasséries de TV comtemporâneas. A complexidade moral é outro diferencial do noir, com personagens de múltiplas camadas servindo de filtro entre o espectador e a história. O caráter de Pat, narrador de Entre Dois Fogos, mistura o positivo e o negativo, a personagem pode aparecer frágil ou antipática. Em oposição a ela, a boazinha Ann também pode assumir diversas faces. O contrastado preto e branco da fotografia de John Alton dá ao diretor Anthony mann a oportunidade de demonstra como, em meio as sombras, torna-se difícil distinguir o bem e o mal. Esse tipo de cisão de moral e oportunidade de examinar a oscilação de caráter são temas que garantem a riqueza do noir, como pode se conferir em Passos da Noite e O Cúmplice das Sombras. Dirigidos respectivamente por Otto Preminger e Joseph Losey, esses títulos revelam o noir como nicho de liberdade estilística e de crítica social. Em ambos, o personagem central é um policial cujos métodos todos os colocam muito mais do lado do crime do que da lei. Mesmo que sofram punições, isso pouco disfarça a vocação desses diretores para revelar ascontradições entre ideias e pragmatismo. Sanuel Fuller e Robert Aldrich assinam as duas obras-primas do noir que completam o pacote. Anjo do Mal, dirigido pelo primeiro em 1953, A Morte num Beijo, realizado pelo segundo em 1955, que também expande os limites aceitáveis da representação da violência. Neles, a Guerra Fria, a paranoia anticomunista e a ameaça nuclear substituem como forças abstratas a noção mais concreta do crime e transformam o noir num campo de experimentações narrativas, onde a desobediência do código organizado do cinema clássico e a representação de uma ordem que mais parece um caos confirman o papel do filme noir no advento do cinema moderno.'' (Cassio Starling Carlos) - DirectorStephen FrearsStarsJulia RobertsJohn MalkovichGeorge ColeA housemaid falls in love with Dr. Henry Jekyll and his darkly mysterious counterpart, Mr. Edward Hyde."Embora a história seja bem mal aproveitada, a estética impecável de Frears usada em prol da construção de inúmeras cenas de puro horror consegue deixar o filme gravado na memória por um bom tempo - para o bem ou para o mal." (Heitor Romero)
1996 Urso de Ouro - DirectorP.J. HoganStarsJulia RobertsDermot MulroneyCameron DiazWhen a woman's long-time friend reveals he's engaged, she realizes she loves him herself and sets out to get him, with only days before the wedding."Este presente especial de um leitor do site é cativante, me emocionou e me fez chorar. Obrigada!" (Joziane K)
"O filme responsável em trazer Roberts de volta ao topo depois de inúmeros fracassos de bilheteria, é também um dos mais belos trabalhos sobre a amizade, e pode ter um valor especial para quem já o assistiu ao lado do melhor amigo ou amiga." (Heitor Romero)
70*1998 Oscar / 55*1998 Globo - DirectorGavin WiesenStarsFreddie HighmoreEmma RobertsMichael AngaranoGeorge, a lonely and fatalistic teen who has made it all the way to his senior year without ever having done a real day of work, is befriended by Sally, a popular but complicated girl who recognizes in him a kindred spirit."O tema do adolescente em conflito, sua abordagem convencional e o interesse da perfeita Sally pelo introspectivo George (o que nem sempre se justifica) não representam qualquer novidade, mas Wiesen sempre explora esses clichês com qualidade e bom gosto." (Rodrigo Torres de Souza)
2011 Sundance - DirectorDennis LeeStarsRyan ReynoldsWillem DafoeEmily WatsonThe Taylor family is devastated by an accident that takes place on the day their matriarch is due to graduate from college -- decades after leaving to raise her children."Drama familiar bastante convencional, com produção caprichada (muito boa fotografia) e alguns poucos momentos fortes. Pena ser tão esquemático ou anti-natural muitas vezes. Poderia ser ainda melhor." (Alexandre Koball)
- DirectorGeorge ClooneyStarsSam RockwellDrew BarrymoreGeorge ClooneyAn adaptation of the cult memoir of game show impresario Chuck Barris (Sam Rockwell), in which he purports to have been a C.I.A. hitman.Uma ótima estréia para George Clooney na direção. Uma cinebiografia ágil e muito divertida.
"Uma agradável surpresa a estréia de George Clooney na direção. O ator resolveu estrear contando a história da vida de Chuck Barris (na tela habilmente interpretado por Sam Rockwell, o detento maldoso de À Espera de Um Milagre), um importante produtor de televisão norte-americano nos anos 60, que inventou programas que são copiados até hoje, como Namoro na TV e A Hora do Gongo (um programa de calouros). O personagem de Chuck é muito bem desenvolvido, graças ao excelente roteiro. É um ótimo personagem, e o filme mostra ele passando por maus bocados até conseguir ter sucesso, além da sua passagem pela CIA. Na realidade, fica difícil saber o quanto do roteiro, escrito pelo mestre Charlie Kaufman, é ficção e o quanto é realidade. A passagem de Chuck pela CIA, por exemplo, não está provada em nenhum lugar. Kaufman já havia confundido – e muito – os espectadores em Quero Ser John Malkovich e, principalmente, em Adaptação, e agora parece que ele quer fazer isso novamente. O filme conta também com um elenco de peso. Parece que Clooney resolveu reunir todo o pessoal de Onze Homens e Um Segredo novamente. Julia Roberts tem um papel importante como agente da CIA, e uma das paixões de Chuck; Brad Pitt e Matt Damon aparecem apenas um segundo (literalmente) cada um, como participantes do Namoro na TV (pode-se dizer que foram pontas de luxo – e põe luxo nisso) e, claro, o próprio Clooney tem um papel importante, que é o contratador de Chuck para a CIA. Além deles, Drew Barrymore é a principal paixão do produtor no filme. O envolvimento entre eles (e em geral dele com as mulheres) sempre complexo, e você sempre fica se perguntando onde aquilo vai parar. A interpretação de Barrymore é excelente, como a de todo o elenco, e o diretor George Clooney mostra que sabe tirar talento de seus atores. A história é realmente muito boa, consegue dividir bem seu tempo entre as aventuras de Chuck na CIA e a carreira de produtor na televisão. Contudo, o melhor do filme, sem dúvida, é a sua técnica. George Clooney realmente tentou fazer algo diferente em sua estréia, abrindo mão de quaisquer, na medida do possível, normalismos cinematográficos. Chega a lembrar a narração de filmes do Tarantino, principalmente nos elementos envolvendo armas e espiões. Narração em off muito bem empregada, imagens cruas, depoimentos de pessoas reais que fizeram parte da vida real de Chuck para a câmera (à lá Carandiru), e ângulos de câmera e edição muito ousados fazem parte do filme. Algumas tomadas e seqüências do filme são especialmente incríveis (só para citar um exemplo, o momento em que Chuck parece que vai enlouquecer), dá pra notar a energia de todo o elenco nelas. Às vezes há um certo exagero, é verdade, mas deve-se entender que a parte visual do filme é tão boa (até melhor na verdade) quanto a história. A fotografia é outro ponto a se destacar. É bastante carregada, escurecida. Mas combina perfeitamente com o filme. Não creio que uma fotografia limpa e clara se adaptaria tão bem à história quanto essa. O filme, claro, não é perfeito. Em certos momentos ele cai bastante de ritmo, e em outros a sua narrativa se torna redundante, dando a impressão que você acabou de ver algo parecido 10 minutos atrás. Talvez seja também um pouco longo demais, mesmo estando abaixo das duas horas de projeção. Esse, sem dúvida, é o principal defeito de Confissões de Uma Mente Perigosa. O roteiro é realmente bem elaborado (muitas passagens inteligentíssimas – nada demais em se tratando de Kaufman), mas não apresenta uma regularidade e em nenhum momento é extremamente incrível (como o roteiro de Adaptação é durante quase todo o tempo, por exemplo), apesar de algumas cenas, como já foi comentado, serem incríveis – há diferença entre conteúdo e forma de apresentá-lo. A história já é velha: paixões, traições, perigos... Mas, como já foi dito, é realmente um começo muito acima da média para um ator que, já há algum tempo, não está mais conformado em apenas exercer um cargo no mundo do cinema. "Confissões de Uma Mente Perigosa" é uma ótima recomendação para quem procura um estilo narrativo diferenciado, uma história com momentos de genialidade, mesmo que ainda comum e boas interpretações. O filme está longe de ser uma obra-prima, mas tenho certeza que sua importância, principalmente se Clooney continuar insistindo como diretor, será aumentada com o passar dos anos. É uma surpresa, que merece ser conferida com atenção." (Alexandre Koball)
2002 Urso de Ouro - DirectorMarkus SchleinzerStarsMichael FuithDavid RauchenbergerChristine KainFive months in the life of a pedophile who keeps a 10-year-old boy locked in his basement."O modo chocante com que a premissa se apresenta no prólogo é perfeito, pois impossibilita que as subsequentes demonstrações de serenidade e afeto de Michael gerem identificação no público - ao contrário, só acentuam seu perfil doentio. Filme mau. E ótimo!" (Rodrigo Torres de Souza)
Cinema duro e sem concessões.
"Em texto publicado sobre Polisse (idem, 2011), Ursula Rösele aborda a questão da representação do cinema, evocando o Holocausto para lidar com a questão da representação da pedofilia – não entre um e outro no sentido moral ou histórico, mas como questões certamente análogas no que diz respeito à representação: como representá-las? Até onde, por exemplo, é algo aceitável, ou ainda desejável vermos a consumação de um ato pedófilo encenado na tela? São questões certamente inevitáveis ao lidarmos com esse Michael, do austríaco Markus Schleinzer – cujo trabalho não conhecia e que parece estar ligado de alguma maneira a Michael Haneke e seu último A Fita Branca (Das weiße Band, 2009), vencedor da Palma de Ouro de 2009. Mas não apenas essas. "Michael" é o nome do personagem principal, que mantém uma criança seqüestrada em um aposento secreto em sua casa. Schleinzer faz um filme duro, seco, que acompanha o cotidiano do personagem em sua diabólica monotonia: Michael é um típico trabalhador de classe média, que divide seu tempo entre seu trabalho em uma companhia de seguros e sua relação hedionda e abjeta com a criança que mantém refém e de quem abusa física, moral e sexualmente. A secura com que o filme acompanha seu personagem em seus atos é profundamente incômoda e evoca a velha questão acerca da humanização de determinados tipos humanos. Ver Michael em seu carro, a cantar alegremente uma canção como “Sunny” depois de o termos visto limpando seu pênis com extrema naturalidade após abusar de sua vítima indefesa (cena que não vemos, mas que é subentendida) é algo que nos desconcerta a ponto de querermos negar-lhe legitimidade: antes questionar quem a põe em tela que lidar efetivamente com o fato de que, sim, os pedófilos são, em parte, pessoas como quaisquer outras, que cantarolam inofensivamente músicas em seu carro, bem como esquiam nas férias ou confraternizam com seus colegas de trabalho. A questão, pois, não passa pela legitimidade, mas pela força e a relevância do que nos é exibido. Até que ponto ganhamos ao nos submetermos a uma experiência tão dolorosa que é assistir a filmes como Michael (questão semelhante podemos fazer acerca de um Violência Gratuita [Funny Games, 1997], de Haneke, por exemplo. A resposta em ambos os casos parece apontar que, sim, são filmes tão fortes quanto necessários, sobretudo porque são filmes que não espetacularizam seus temas e objetos (eis a abjeção efetiva, denunciada por Jacques Rivette em texto canônico para a crítica cinematográfica), mas que a partir deles constroem um cinema tanto sincero em articulação quanto potente em sua mise-en-scène. Não há concessão ao espectador, tampouco a preocupação de, a todo momento, escancarar reprimendas morais ao que se vê em cena: é tudo obviamente nojento demais para que isso seja necessário, sendo o ponto aqui o de fazer justamente o oposto, como que implicitamente denunciando a inocuidade da abordagem simplesmente moralista ao problema. É como se o filme quisesse dizer: por mais incômodo que seja, precisamos conhecer essas pessoas, sob o risco de continuarmos a falhar ao procurarmos demônios de chifres. E uma cena é emblemática nesse sentido, quando Michael vai procurar outra criança para fazer companhia a Wolfgang, a quem mantém preso. Um travelling o acompanha ao abordar de maneira sorrateira uma criança, envolvendo-a em sua covardia ardilosa: em off ouvimos seu pai a chamando, repreeendendo o ato da criança ter sumido e ainda por cima estar conversando com um estranho. Mal sabia ele do que havia livrado seu filho; o travelling continua a acompanhar Michael, que, patético e covarde, acelera o passo para fugir o mais rápido possível sem ser pego. Atrasasse o pai um minuto e tudo poderia ter sido terrivelmente diferente, como o foi no caso de Wolfgang." (Rafael Ciccarini)
2011 Palma de Cannes - DirectorDavid BrooksStarsAlice EveJosh PeckBrian GeraghtyOn a late night visit to an ATM, three co-workers end up in a desperate fight for their lives when they become trapped by an unknown man.Situações inverossímeis e personagens irritantes em um filme que não consegue usar a limitação de espaço ao seu favor.
''Contar histórias situadas em um único espaço sempre foi um desafio que atraiu cineastas dos mais diferentes estilos. Alfred Hitchcock, por exemplo, realizou diversos trabalhos que tinham como base ambientes limitados, como Um Barco e Nove Destinos (Lifeboat, 1944), Festim Diabólico (Rope, 1948) e Janela Indiscreta (Rear Window, 1954), enquanto Sidney Lumet estreou no cinema com aquele que talvez seja o maior clássico de cenário único, 12 Homens e Uma Sentença (12 Angry Men, 1957). John Hughes e Joel Schumacher também exploraram o recurso, com O Clube dos Cinco (The Breakfast Club, 1985), um dos mais seminais filmes sobre a adolescência, e o interessante Por um Fio (Phone Booth, 2002), respectivamente. No entanto, uma das melhores obras a explorar a limitação de espaço foi o recente Enterrado Vivo (Buried, 2010), no qual o cineasta Rodrigo Cortés e o roteirista Chris Sparling conseguiram sustentar a difícil história por noventa minutos sem grandes deslizes, em um filme que construía sua tensão de forma cuidadosa até o final de deixar o espectador sem fôlego. É uma pena, no entanto, que o trabalho seguinte de Sparling seja este fraco ''A Armadilha'' (ATM, 2012), projeto que demonstra como a maior parte do sucesso de Enterrado Vivo se deve ao seu diretor, não ao roteirista. E, dessa vez, a premissa não oferece tantas dificuldades como no filme estrelado por Ryan Reynolds. Se lá a narrativa se passava dentro de um caixão e com um único personagem, aqui o ambiente é trocado por um caixa eletrônico com três pessoas, o que teoricamente deveria facilitar a dinâmica do filme e oferecer muito mais possibilidades de explorar o cenário. Infelizmente, Chris Sparling parece ter usado todas as boas ideias em Enterrado Vivo, já que ''A Armadilha'' é inverossímil desde o seu princípio, jamais desenvolvendo os personagens de forma satisfatória e criando uma situação ridícula após a outra – muitas delas fazendo o espectador pensar que se trata de uma comédia ao invés de um suspense. Manter interessante uma história com número reduzido de personagens e situada em um único lugar é sempre um desafio técnico e criativo, mas pouco se pode fazer quando o filme não acerta nem mesmo em suas cenas iniciais, ainda longe dessa limitação de espaço. É o caso de A Armadilha. Desde os primeiros minutos, na empresa onde os protagonistas trabalham, percebe-se que se trata de uma produção pouco inspirada: não apenas os atores principais se mostram desprovidos de qualquer talento como também o espectador já começa a despertar certa antipatia pelos protagonistas. Afinal, um rapaz agindo como um adolescente tímido e inseguro diante de uma garota (e ela fazendo o mesmo em retorno) pode até funcionar em filmes de high school, mas é apenas patético quando isso é feito por adultos profissionalmente bem-sucedidos – sem contar que prejudica a identificação da plateia com aquelas pessoas, que se tornam simplesmente dignas de pena. E este é o grande problema de ''A Armadilha'': os personagens, suas reações e a maioria das situações criadas simplesmente não convencem. O roteiro de Chris Sparling é uma sequência de cenas que não fazem o menor sentido, desde o fato de David estacionar seu carro a vários metros de distância do caixa, passando pela tentativa de inundar o local e chegando até a pergunta que permanece martelando na cabeça do espectador durante toda a projeção: por que diabos eles não fugiram? Três adultos contra um homem desarmado e nem cogitaram a hipótese de revidar ou mesmo sair correndo? Ah, é verdade, um deles decidiu correr, simplesmente para dar de cara em um fio preso pelo assassino exatamente na direção em que ele foi. E o que dizer da cena em os três já estão fora da cabine, mas, por alguma razão inexplicável, preferem voltar para o local ao invés de buscar alguma ajuda? ''A Armadilha'' nada mais é do que um amontoado de clichês e momentos – para ser elegante – inverossímeis. Mas o roteiro de Sparling ainda consegue surpreender com instantes de puro constrangimento. A tentativa de criar um certo atrito entre os personagens é até válida, mas a realização canhestra e superficial jamais leva a lugar algum. O mesmo vale para a cena em que Emily dá um discurso tentando encontrar algum significado em tudo aquilo, dizendo que a vida me trouxe até aqui: é tão fora de contexto, mal escrita e interpretada que mais parece vinda de uma paródia do que de um filme supostamente sério. Há ainda um momento no qual a mesma Emily parece desnorteada (por frio, por medo, por fome, seja lá pelo que for, pois nunca fica claro), mas de forma milagrosa, a desorientação da moça parece durar apenas alguns segundos, uma vez que ela se cura rapidamente e isso jamais volta a ser mencionado pelo roteiro. Como se não bastasse os problemas de texto, o trabalho de direção de David Brooks é apenas correto, jamais conseguindo superar a falta de coerência ou de criatividade do argumento. Sem qualquer plano ou quadro que colabore para construir a tensão (ou ao menos esteticamente diferenciado), Brooks ainda realiza escolhas equivocadas, como a cena em que insere sons de batidas de coração, de forma a ressaltar o nervosismo dos personagens, mas o faz com tamanha falta de sutileza que mais parece um ruído totalmente fora do contexto daquele momento. Prejudicado também por um elenco sem a menor química ou carisma e por uma reviravolta final que exige muito da boa vontade do espectador, a Armadilha ao menos acerta em não trazer explicações sobre os motivos de tudo aquilo estar acontecendo (na verdade, até dá vontade de ver qual seria a hilária justificativa criada pelo roteirista). É um filme sem qualquer valor, que certamente não vai gerar medo no espectador que precisar tirar dinheiro após a sessão. Saudades de Hitchcock." (Silvio Pilau) - DirectorSteve McQueenStarsMichael FassbenderLiam CunninghamStuart GrahamIrish republican Bobby Sands leads the inmates of a Northern Irish prison in a hunger strike."Drama pessoal ou filme político? Como o primeiro é exagerado mas magistral ao mesmo tempo. Como o segundo tem pouca coisa nova a dizer. A longa conversa entre o terrorista e o padre é realizada de forma a ser aplaudida. Isso que faz o cinema valer a pena." (Alexandre Koball)
"Aqueles que acharam "Em Nome do Pai" um filme forte, é porque ainda não viram "Hunger"." (Regis Trigo)
"A ausência de enredo e a falta de identificação com os personagens não são problemas diante da impressionante direção de McQueen, que constrói cenas ao mesmo tempo impactantes e belíssimas. Um grande trabalho de estreia de um cineasta a ser observado." (Silvio Pilau)
2008 Palma de Cannes - DirectorJack ArnoldStarsJohn AgarMara CordayLeo G. CarrollA spider escapes from an isolated Arizona desert laboratory experimenting in gigantism and grows to tremendous size as it wreaks havoc on the local inhabitants."Divertida ficção científica de monstros da década de 1950, Tarântula apenas não é melhor porque as bizarrices começam somente a partir da metade do filme." (Alexandre Kobal)
Filme B que define a ficção científica da década de 1950.
''Tarântula'' nada mais é do que um daqueles filmes de terror e ficção científica da década de 1950, feitos unicamente para assustar as suas platéias com seus efeitos mal realizados e roteiros baratíssimos. É um filme B declarado, sem tirar nem pôr. Fugindo um pouco do tema das naves espaciais (que certamente dominou o estilo naquela mesma década), pelo título do longa-metragem fica fácil adivinhar do que se trata: uma aranha gigante, filha de um experimento mal-sucedido (nada com relação a modificação genética – naquele tempo isso não era conhecido), acaba fugindo do laboratório em que foi criada, para o azar de uma comunidade no meio do nada nos Estados Unidos. A grande diversão da obra é justamente acompanharmos as cenas envolvendo a aranha. Há outros bichos que sofreram mutações de gigantismo, como ratos, coelhos e cobras (sem falar nas experiências com humanos), mas o ponto alto mesmo é a aranhona, cujo tamanho chega a aproximadamente um prédio de quatro andares. Isso em uma cena, pois logo depois ela aparece com metade do tamanho, para crescer novamente mais tarde. Esse tipo de erro era bem comum nesse sub-gênero, principalmente em cenas envolvendo efeitos especiais – e hoje, cinquenta anos depois, esses erros dão certo charme aos filmes daquela época. Para as cenas, uma aranha de verdade foi utilizada. O resultado final acaba sendo muito mais interessante que as aranhas do século XXI, produzidas em computação gráfica (mesmo Laracna, de O Retorno do Rei, não é tão assustadora quanto esta aqui). Em termos de história pouco há para contar. O medo de aranhas é um fenômeno bem comum (eu mesmo tenho repulsa a esses bichos), então o filme de Jack Arnold praticamente vende-se sozinho. O roteiro, pelo menos, não faz muito para ajudar: são personagens fracos e sem profundidade alguma – um deles, é claro, do sexo feminino (a lindíssima Mara Corday), sendo alvo dos galanteios baratíssimos de nosso protagonista. Isso também era bem comum ao estilo, mas ao contrário de problemas com cenas de efeitos especiais ou de ação, essa falta de qualidade nos personagens humanos acaba, de certa forma, atrapalhando bastante a diversão, pois quando são só eles que estão em cena o filme se arrasta em situações óbvias e sem fim. A ação de ''Tarântula'' começa para valer a partir de sua metade, mesmo assim de forma lenta. Mas culmina em um clímax muito divertido (embora só minimamente tenso), com a ameaça de toda uma cidadezinha pela aranha, que nesse momento já tem estatura colossal. Ela é perseguida por jatos com explosivos, e aí vem outra curiosidade do filme: o líder do esquadrão é interpretado por ninguém menos que Clint Eastwood, em um dos primeiros trabalhos de sua carreira, na época com 25 anos apenas. Isso eu li apenas depois de ter assistido ao filme, pois sob a máscara, dentro do cockpit de seu jato, é praticamente impossível ver a face do ator (tanto que seu nome sequer está creditado entre os atores). Há filmes muito melhores, mais divertidos e tensos sobre aranhas assassinas. Aracnofobia, de 1990, é o primeiro que me vem à mente. Mas há outros. ''Tarântula'' ainda assim vale como curiosidade para quem é apaixonado por filmes B. Tem boas doses de cenas bizarras, o suficiente para deixar um espectador desse tipo atento até seu final, que é especialmente interessante. Diverte pelos efeitos especiais positivamente medonhos, mas fora isso há muito pouco o que se aproveitar aqui. E se você acabar gostando desse aqui, o diretor Jack Arnold é o responsável por algumas outras obras de terror B na mesma década: It Came From Outer Space (1953) e The Incredible Shrinking Man (1957). Diversão não vai faltar." (Alexandre Koball) - DirectorWes CravenStarsRachel McAdamsCillian MurphyBrian CoxA woman is kidnapped by a stranger on a routine flight. Threatened by the potential murder of her father, she is pulled into a plot to assist her captor in a political assassination."Apesar de se render a desfechos esquemáticos e previsíveis a partir de certo ponto, Vôo Noturno retém algumas características importantes do cinema de Craven, como a mocinha sagaz e a tensão psicológica, e isso por si só já faz tudo valer a pena." (Heitor Romero)
Um filme com uma boa premissa que consegue ser interessante até a metade, quando começa a desandar tudo.
''Que o diretor Wes Craven já não é mais o mesmo todos já sabem - seu último bom trabalho foi o Pânico original e, depois, em menor escala, Música do Coração, um drama que trouxe cara nova à sua filmografia. Depois disso surgiram um novo e ridículo Pânico e o recente e ainda pior Amaldiçoados. Enfim, filmes que não incitam muito um espectador a ir procurar seus próximos trabalhos quando estes chegam aos cinemas. ''Vôo Noturno'' tenta desesperadamente criar tensão através de situações já mais que manjadas, com personagens irritantes que estão lá forçadamente para incomodar. Mas estou me adiantando. O filme é sobre um sujeito contratado para interceptar uma gerente de um mega-hotel em Miami, onde o Secretário de Defesa irá se hospedar. Seu objetivo é convencê-la a, de dentro do avião, ligar para seus empregados forçando uma troca de quarto, para este tornar-se alvo fácil de um grupo terrorista ou algo que o valha. Craven, diretor experiente que é, consegue fazer da primeira metade do filme uma construtora de tensão, ou seja, vai tornando as situações cada vez mais apertadas para nossa "heroína" Lisa (Rachel McAdams, cujo melhor papel até o momento foi o de Diário de uma Paixão - a moça que está virando estrela rápido, mas deveria cuidar com seus próximos projetos para não cair na mesmice). Diálogos interessantes entre ela e o nosso vilão (Cillian Murphy, na mesma situação de Rachel, está disparando para o estrelato) são marca das cenas dentro do avião. Isso e a turbulência (exagerada, mas assustadora) criam, inicialmente, cenário para a construção de um clima realmente tenso. Mas o roteiro possui um número de coadjuvantes que não precisava existir, personagens que estão lá para - e tudo isso é previsível desde o início - fazer toda a situação ficar ainda mais enrolada, nunca de forma natural, o que caracteriza-se como um truque barato de roteiro, uma saída fácil quando o melhor seria continuar desenvolvendo o estranho relacionamento que surgiu entre vítima e sequestrador. Um exemplo? A menininha que, sem grandes motivos justificáveis, desconfia do vilão - nesse ponto fica fácil prever que ela atrapalhará seus planos no futuro. São vários os furos, embora esse tipo de coisa seja também previsível, creio que ninguém espera um filme de terror/suspense de um diretor como Craven sem esperar também por ilogicidades. O problema é a segunda metade do filme, quando a ação sai do avião e o filme vira nada mais que um joguinho de gato-e-rato do vilão contra a mocinha. Esta deve salvar a vida de seu pai e deve salvar toda a família do Secretário de Defesa ao mesmo tempo que foge desesperadamente de um sujeito quase psicopata. Isso depois de vir do triste momento do enterro de sua avó. Enfim, a mocinha frágil e vítima das circunstâncias acaba virando (e isso acontece muito em Hollywood) uma super-heroína. Há ainda todo um contexto feminista jogado pelo diretor, algo totalmente desnecessário, o que faz facilmente com que, quem goste de um mínimo de lógica, acabe torcendo pelo vilão - e aí, claro, será fácil não gostar do filme. No final das contas este é apenas mais um exemplar de cinema como centenas de outros que saíram nos últimos anos. Promete muito, na teoria tem tudo para ser algo diferente e inventivo, mas na hora do diretor gritar Ação! tudo vai por água abaixo pela burrice e estupidez do roteiro. Situações como a bateria do celular terminar na hora fatídica deveriam fazer termos o direito de pedir nosso dinheiro de volta, não para o gerente do cinema, e sim para o diretor e/ou roteirista. Preguiça e falta de inteligência, nos dias de hoje, são a marca da maioria deles. Neste filme, isso não é exceção!" (Alexandre Koball) - DirectorAmy HeckerlingStarsSean PennJennifer Jason LeighJudge ReinholdA group of Southern California high school students are enjoying their most important subjects: sex, drugs and rock n' roll."Roteiro de Cameron Crowe cria todos os estereótipos possíveis para filmes de colégio, onde todos comem todos (até mesmo o nerd conquista a princesinha em fase de aprendizado sexual) e as piadas não são muito inspiradas." (Alexandre Koball)
"É o típico produto adolescente dos anos 80, ingênuo, bobo e divertido, mas que ainda mantém um pouco do charme por ser um dos primeiros a lançar diversos clichês do gênero. Vale mais pelo elenco, com Sean Penn roubando todas as cenas." (Silvio Pilau)
Filme de colégio do início da década de 1980 não é muito melhor do que trabalhos similares recentes. Um novato Sean Penn é o que há de melhor.
"Os anos 1980 não estão exatamente entre os mais respeitados pelos amantes do cinema. E parte da culpa dessa imagem negativa é o surgimento em larga escala dos filmes de colégio. Picardias Estudantis faz parte do final de uma primeira geração desses filmes (excluindo alguns clássicos, como Juventude Transviada, com James Dean). Nesta geração, encontram-se também Os Embalos de Sábado a Noite, Grease - Nos Tempos da Brilhantina, Porky's - A Casa do Amor e do Riso e, claro, Loucuras de Verão, de George Lucas. Nem todos são dessa década, mas esse gênero estourou definitivamente ali. Daí pra frente, o sucesso dessas obras, digamos, de espírito avacalhado, garantiriam que esses anos, pelo menos para o cinema norte-americano, fossem dominados por cópias e variações que viriam a fazer parte das matinês da televisão aberta brasileira na década de 1990. Para ficarmos apenas com um exemplo: Curtindo a Vida Adoidado, de 1986. Até recentemente o século XXI foi bastante infeliz com o gênero, tanto que um dos últimos reconhecidos sucessos de crítica e de público foi American Pie, que nem sequer é deste século, tendo sido lançado em 1999 (e as sequências, muito inferiores, pouco contam). Há alguns anos, Judd Apatow voltou a ressuscitar o tópico, com sucessos que lembram os grandes momentos da comédia de colégio. O maior desafio dos realizadores é o de manter o nível de entretenimento nas alturas, para garantir boas bilheterias (algo que Apatow vem conseguindo). Quando as piadas são muito recicladas, os filmes fazem pouco sucesso e muitas vezes são lançados diretamente em formatos caseiros. Então, como criar, dentro do gênero comédia colegial, personagens que fujam de estereótipos? Será que na vida real dos colégios norte-americanos só há estudantes como os da Ridgemont High, cenário de Picardias Estudantis? Esse também é o grande desafio de diretores e roteiristas, e aqui Cameron Crowe – o roteirista – e Amy Heckerling – a diretora – não fizeram um grande esforço para fugir desses estereótipos. A maior parte deles está nesse seu trabalho. Vale lembrar que Crowe escreveu o roteiro baseado em suas próprias experiências como estudante do colegial, então acredita-se que haja pelo menos um pouco de realismo no mundo descrito por ele. Mundo esse que não apresenta exatamente uma história: conhecemos as aventuras sexuais de alguns formandos no que parece ser o típico cenário dos jovens norte-americanos. Basicamente o que encontramos neste filme de 1982 é quase a mesma coisa que encontramos em similares recentes, mas há algumas diferenças notáveis. Picardias Estudantis é de uma época onde a figura do nerd não era tão contestada: aqui eles são bem-vistos pelas garotas bonitas e acabam por conquistá-las, e não há rivalidades evidentes entre os alunos arruaceiros e os estudiosos. As drogas acabaram ficando de fora do roteiro, mas a degradação juvenil vem em forma de sexo inseguro. O principal tema do filme é mostrado sempre como uma brincadeira passageira, sem proteção alguma e, caso aconteça algum imprevisto, este pode ser eliminado rapidamente durante uma tarde qualquer em uma clínica de abortos do seu bairro. A moral disso tudo cada espectador deve julgar por si mesmo. Como não poderia deixar de ser, a trilha sonora inclui muito rock'n'roll adolescente – e a velha cena do baile, no ato final, também tem vez. Entre um roteiro tão limitado e o mesmo espírito pseudorrebelde (porque o filme não deve chocar demais, já que é feito para o público jovem), a principal atração de Picardias acaba sendo mesmo o trabalho do então novato Sean Penn. O ator, demonstrando preocupação em fazer um trabalho bem feito desde o início de sua carreira, incorporou profundamente o personagem Spicoli – aquele típico sujeito que nunca abre um livro e sempre tira risadas de seus colegas de classe. Durante as filmagens, ele solicitou que somente lhe tratassem por esse nome, além de improvisar durante boa parte de suas cenas e até continuar as discussões com o seu professor (Ray Waltson) após a câmera ter parado de rodar. Embora não haja muito espaço para brilhantismo artístico em uma obra desse quilate, Penn acaba sendo o melhor motivo pelo qual o filme poderia ser revisitado nos dias atuais. ''Picardias Estudantis'' guarda um pouco de importância por possuir, além de Sean Penn, algumas curiosidades absolutamente inúteis, mas que os cinéfilos adoram. O roteiro do filme, por exemplo, foi oferecido a David Lynch, que acabou não aceitando o trabalho pois este não fazia seu estilo. De fato! O ator Nicolas Cage aparece brevemente, sob o nome de Nicolas Coppola, seu nome verdadeiro. Enfim... são informações que não adicionam ao filme em si, apenas servem para motivar rapidamente a alguém assistir esta que, no final das contas, não passa de uma comédia colegial bastante ordinária, de risadas não muito volumosas e personagens estereotipados e sem profundidade alguma, a não ser pelo estudo dos motivos masturbatórios de espécimes com tesão interminável." (Alexandre Koball) - DirectorYimou ZhangStarsDahong NiNi YanShenyang XiaoThe owner of a Chinese noodle shop's scheme to murder his adulterous wife and her lover goes awry."Uma mistura não tão certeira de Gosto de Sangue com Disque M para Matar, este trabalho de Zhang não diz em momento algum a que veio, mas possui alguns momentos verdadeiramente inspiradores." (Heitor Romero)
2009 Urso de Ouro - DirectorWilliam FriedkinStarsAshley JuddMichael ShannonHarry Connick Jr.An unhinged war veteran holes up with a lonely woman in a spooky Oklahoma motel room. The line between reality and delusion is blurred as they discover a bug infestation."Um belo surto." (David Campos)
"Com seus planos demorados e câmera baixa, Friedkin adentra o tema da paranóia de forma impressionante, com seu desnudamento e falta de sutileza típicos que ajudam a costurar no final um dos filmes norte-americanos mais interessantes dos últimos anos." (Bernardo D I Brum)
Esquizofrênico como um filme de Terry Gilliam, Possuídos proporciona uma deliciosa viagem a seus espectadores.
''Baseado em uma peça teatral, ''Possuídos'' é um daqueles filmes do tipo ame-o ou deixe-o. É bem fácil encontrar membros da crítica e do público trucidando este novo trabalho do diretor William Friedkin (que dirigiu a obra-prima policial Operação França e o famoso O Exorcista, em sua versão original). Ao mesmo tempo, é bem fácil encontrar pessoas que vêm tecendo elogios ao filme. Uma obra dúbia, sem dúvida, e principalmente não muito fácil de ser compreendida. O que Possuídos (outra tradução brasileira medíocre de um filme estrangeiro) não é, de forma alguma, é um suspense ordinário. Se você espera tensão e medo, você vai sim encontrar esses elementos no filme, mas não da forma clichê que vemos em thrillers medíocres. Vamos, então, a uma análise mais detalhada dos fatos. ''Possuídos'' passa-se quase que inteiramente dentro de um quarto de hotel, o que não é uma surpresa quando se conhece a origem teatral do roteiro. Nesse quarto vive Agnes (Ashley Judd em um papel, no mínimo, bastante difícil), que conhece, através de sua amiga homossexual R.C., Peter, um sujeito de poucas palavras que acaba passando uma noite no tal quarto. Meu objetivo aqui não é traçar em detalhes o que acontece a partir daí (para isso, basta procurar pela sinopse do filme em um lugar qualquer), principalmente pelo fato de que, para fazer isso, seriam necessários alguns parágrafos (iria ficar muito cansativo para você ler) e, sinceramente, não há uma única explicação para os acontecimentos. E é aí que Possuídos começa a mostrar suas boas qualidades. Sem entrar em grandes detalhes do enredo, posso dizer que o filme pode ser intepretado de duas formas diferentes: da forma mais literal possível (tudo o que houve era, de alguma forma, realidade) ou como uma grande viagem mental (estava tudo na cabeça dos personagens). As duas perspectivas são plausíveis; as duas perspectivas possuem pontos fortes e, principalmente, as duas perspectivas possuem muitas perguntas sem respostas. Por isso não estranhe se ao final do filme você tiver a sensação de não saber se gostou ou não do que viu. Muitos diretores fazem isso. Deixam o público sem resposta para tudo. Às vezes isso é bom, outras não. Depende muito do espectador e até mesmo da boa vontade do espectador. Aqui, considero que tenha sido a saída ideal para o roteiro. Explicar tudo o que houve teria sido banalizar os fatos. O melhor de ''Possuídos'', então, não é exatamente seu final ou as explicações que podem ser dadas em relação a ele. É a viagem que o filme proporciona. Naquele quarto mal-arrumado acontecem muitas coisas interessantes e momentos verdadeiramente inspirados. A sensação de desconforto dura quase o tempo todo, mas é uma sensação boa, que nos coloca juntos aos personagens, fazendo-nos vivenciar, de certa forma, seus próprios sentimentos. Isso dá uma força enorme a Agnes e Peter. Sendo assim, quando o filme chega a seu clímax, as atitudes de ambos ganham enormes proporções. Mas isso somente graças ao desenvolvimento muito bom da história. A atriz responsável por encabeçar isso tudo é Ashley Judd. Devido à natureza totalmente anti-comercial do longa-metragem, não há chances para ela em premiações grandes, mas que fique registrado seu excepcional trabalho. Peter permanece quase que um total mistério o filme todo (afinal não há como saber se ele era um louco realmente), e o ator Michael Shannon possui uma passagem particularmente notável dentro do filme, e certamente bastante complexa, quando ele começa a ter espasmos por conta dos insetos que tomaram conta de seu corpo (sejam eles reais ou não). O filme possui apenas mais dois atores principais – Lynn Collins (R.C., um tanto quanto artificial em cena) e Jerry, que desempenha papel secundário mas fundamental dentro da trama. Foi interpretado por Harry Connick Jr., em atuação que expõe mais o seu corpo do que sua capacidade de interpretar sentimentos. No mínimo, o filme vale pela experiência diferenciada. A sensação que tive em muitos momentos foi a de estar assistindo a um novo trabalho de Terry Gilliam, dado o nível de esquizofrenia de seus personagens. Possuídos proporciona uma das experiências mais interessantes do ano e, sem querer ser um filme feito para agradar a espectadores mentalmente limitados, desperta sensações quase que alucinógenas em quem consegue entrar na história. Ali, naquele pequeno quarto, William Friedkin voltou a se mostrar um bom diretor, criando uma atmosfera magnífica para tudo. O filme só não é melhor pois ainda há uma certa aura hollywoodiana, carecendo de sujeira e realismo em certos momentos. Apesar da natureza trágica dos eventos e da locação em que foi filmado, é tudo muito limpo. Isso, contudo, é insuficiente para fazer Bug (o nome original é muito melhor) sujeitar-se a críticas negativas maiores. Não é sobre monstros ou insetos, é sobre dois personagens que passaram por uma situação extraordinária. Mais do que recomendado!" (Alexandre Koball)
2006 Palma de Cannes - DirectorGavin O'ConnorStarsKurt RussellPatricia ClarksonNathan WestThe true story of Herb Brooks, the player-turned-coach who led the 1980 U.S. Olympic hockey team to victory over the seemingly invincible Soviet squad."De um lado, o roteiro capta bem a tensão política entre EUA e URSS no inicio dos anos 80. De outro, carrega nos clichês e na visão estereotipada dos soviéticos. No gênero filme de esporte, Gavin O´Connor acertaria em cheio anos mais tarde em "Guerreiro"." (Regis Trigo)
- DirectorLarry CohenStarsTony Lo BiancoDeborah RaffinSandy DennisA New York detective investigates a series of murders committed by random New Yorkers who claim that "God told them to."FOI DEUS QUEM MANDOU
"Suspense policial com discussão religiosa e uma mão de cenas bizarras (que são o que há de mais interessante no filme)." (Alexandre Koball)
"Cohen investigou diversos problemas do mundo moderno (poluição, violência, consumismo), e aqui é a vez da cegueira religiosa e do conservadorismo serem explodidos na tela com um dos mais radicais trabalhos do diretor. Controverso, insano e intrigante." (Daniel Dalpizzoo) - DirectorTi WestStarsSara PaxtonPat HealyKelly McGillisDuring the final days at the Yankee Pedlar Inn, two employees determined to reveal the hotel's haunted past begin to experience disturbing events as old guests check in for a stay."Depois de um punhado de bombas no gênero, Ti West surpreende ao transformar uma história minimalista (ela não importa muito aqui, se é que existe) em algo de arrepiar. Seu roteiro economiza sabiamente nos sustos mas, quando os entrega, é para valer." (Alexandre Koball)
"Num campo/contracampo fechado em dois rostos, Hotel da Morte sustenta toda força necessária para um legítimo filme de horror. Filme de ambientação e atmosfera excepcionais." (Daniel Dapizzolo) - DirectorFrank CapraStarsClark GableClaudette ColbertWalter ConnollyA rogue reporter trailing a runaway heiress for a big story joins her on a bus heading from Florida to New York and they end up stuck with each other when the bus leaves them behind at one of the stops along the way."Bastante significativo para a época, o filme não envelheceu muito bem, parecendo hoje apenas uma comediazinha sem grandes atratitvos. Colbert e Gable têm ótima química juntos e seguram o interesse, mas os diálogos não são tão inspirados.Bom, mas só." (Silvio Pilau)
"Finalmente Capra abre mão de seu moralismo barato e de seu patriotismo descabido, realizando enfim um filme à altura de sua capacidade. Aconteceu Naquela Noite é tudo que um cinéfilo pode esperar de um filme e um pouco mais." (Heitor Romero)
A grande comédia romântica do cinema.
"Quando pensamos em Frank Capra o que nos vem em mente são sobretudo os clássicos que o cineasta fez em parceria com o roteirista Robert Riskin, como O Galante Mr. Deeds (Mr. Deeds Goes to Town, 1936), A Mulher Faz o Homem (Mr. Smith Goes to Washington, 1939) e, especialmente, A Felicidade Não Se Compra (It's a Wonderful Life, 1946), fábulas morais sobre a vitória do homem comum em cima dos poderosos, filmes com personagens maiores que a própria vida, edificantes e sentimentais. Antes disso, o diretor já se notabilizara com uma série de filmes muito interessantes, na primeira metade da década de 30, em que demonstrou grande talento sem recorrer ao estilo que o consagraria mais tarde. É ai que se incluem algumas de suas obras-primas esquecidas (a mais expressiva delas sendo O Ultimo Chá do General Yen [The Bitter Tea of General Yen, 1933]) ou célebres como Aconteceu Naquela Noite (It Happened One Night, 1934), um dos seus maiores sucessos. Passadas cerca de oito décadas, ''Aconteceu Naquela Noite permanece ainda a grande comédia romântica do cinema. A trama tem sido reprisada quase que anualmente desde então, tanto no cinema como mais tarde pela televisão (basta citar A Princesa e o Plebeu [Roman Holiday, 1953], de William Wyler, para ficarmos em apenas um exemplo dentre maiores ou menores variações do seu enredo), mas o filme não perde em nada do seu frescor. Poderia ser descrito como um casal que ao se conhecer vive atazanando um ao outro até descobrirem que se amam e não conseguiriam mais viver separados, porém o filme de Capra é bem mais que isso. Uma comédia de guerra entre os sexos tanto quanto um jogo de gato e rato, é a princípio um encontro que sugere uma colaboração: Peter Warne (Clark Gable) é um jornalista pobretão que tem a oportunidade de sua vida ao se deparar com a filha mimada de um milionário que está desaparecida de casa e do pai, o que pode significar uma grande matéria; e ela, Ellie Andrews (Claudette Colbert), precisa de sua ajuda para chegar até Nova York e se casar com o noivo indesejado por sua família. Um e outro se ajudarão e explorarão mutuamente para alcançarem seus objetivos, mas Aconteceu Naquela Noite consiste todo em fazer com que seus protagonistas cheguem, ao final, indiferentes aos seus propósitos originais, e ainda capaz de nos convencer que um jornalista quase desempregado, bêbado e sem papas na língua conquiste uma garota bobinha, espirituosa e socialite. É um dos triunfos de Capra fazer com que possamos acreditar, de fato, em seus personagens e não encará-los como joguetes de roteiro iguais a alguma outra comédia romântica qualquer pouco verossímil em suas reviravoltas. ''Aconteceu Naquela Noite'' é uma grande viagem de quatro dias e noites do par central em meio a uma América do povo, evocando em cenas externas todo um meio distante do mundo social da personagem feminina, e mais próximo do grande público e de todos nós. O percurso serve não propriamente para transformar a garota (acostumada a ter tudo o que quer, Peter faz Ellie descer do seu pedestal), mas sobretudo para ensiná-la uma coisinha ou outra sobre a vida. O filme em grande parte transcorre em viagens de ônibus ou em paradas em postos de gasolina ou hotéis em beiras de estrada (é quase um road-movie), proporcionando o encontro com figuras secundárias como trapaceiros ou cidadãos comuns, mas de alguma excentricidade, e também uma oportunidade para Capra fazer um comentário social sobre o seu país, exibindo com discrição um retrato da Depressão americana, com pessoas passando fome ou em precárias condições, mas sem verbalizar um discurso ou torná-lo o centro dos interesses do filme, como faria em alguns dos seus trabalhos seguintes de maior cunho social. O filme de Capra não é bem uma comédia sofisticada a là Lubistch ou ligeira como as screwballs de Howard Hawks, mas existe em um universo à parte e ao mesmo tempo próximo dos exemplares do gênero realizados por esses dois cineastas na mesma época ─ que não envelheceram em nada com o passar do tempo, mas cujo estilo só se fez presente naquele período, ao contrário do de Aconteceu Naquela Noite. Capra imprime uma velocidade no ritmo e narrativa que faz com que seu filme se conserve moderno e atraente para platéias contemporâneas, e dispõe de grandes cenas e diálogos picantes (ao mesmo tempo infames e com grandes sutilezas) que confirmam que os adoráveis personagens centrais de Aconteceu Naquela Noite sejam, de fato, grande safados. Logo no começo quando se encontram no ônibus Claudette Colbert literalmente cai no colo de Gable, há piadas insinuantes como Essa aí que você está usando para sentar é minha e Colbert exibindo as pernas e parando o trânsito é tão ou mais sugestivo que o famoso strip-tease de Rita Hayworth em Gilda (idem, 1946). Além, é claro, dos lençóis pendurados que servem como uma barreira física a ser vencida entre o casal nos quartos de hotéis (as muralhas de Jericó), uma linha tênue a separar a consumação definitiva entre os dois, e que simboliza a tensão sexual que perpassa entre os personagens durante o filme todo (ou ainda Colbert vestindo os pijamas masculinos de Gable). O estilo de direção de Capra não era nada arrojado, porém inegavelmente dotado de grande talento cinematográfico. As interpretações que arranca de seus astros principais (e do elenco em geral) são bastante espontâneas (bem como a interação entre todos) e até mesmo quem normalmente não simpatiza com Clark Gable aprecia a sua performance em Aconteceu Naquela Noite. O seu personagem é dos mais simpáticos perfis dos heróicos tempos do jornalismo norte-americano (que Hollywood volta e meia retratava nas telas em sua época de ouro), e corre uma lenda que a cena em que come uma cenoura com as próprias mãos ao pegar uma carona na estrada teria servido de inspiração para a criação do coelho Pernalonga. Quem duvidar do talento de Frank Capra pode até questionar algumas das visões que soam demagógicas nos filmes mais idolatrados do diretor, mas dificilmente conseguirá resistir aos encantos e passar incólume ao poder de Aconteceu Naquela Noite." (Valademir Lazo)
07*Oscar / 1934 Lion Veneza
Top 250#140
Top 200#176 - DirectorLindsay AndersonStarsBette DavisLillian GishVincent PriceTwo aged sisters reflect on life and the past during a late summer day in Maine."A oportunidade de ver Bette Davis e Vincent Price contracenando em atuações sóbrias em um drama de relações familiares é bastante marcante. Grande filme." (Heitor Romero)
60*1988 Oscar - DirectorRob ReinerStarsCary ElwesMandy PatinkinRobin WrightA bedridden boy's grandfather reads him the story of a farmboy-turned-pirate who encounters numerous obstacles, enemies and allies in his quest to be reunited with his true love."Uma mistura de várias constantes dos contos infantis de princesas, piratas, lutas de espadas, aventuras, romances impossíveis, cavalgadas, lendas, feitiços, segredos e magia. Divertido e inocente, é um dos filmes mais marcantes de Rob Reiner." (Heitor Romero)
60*1988 Oscar
Top 250#196 - DirectorDouglas McGrathStarsSarah Jessica ParkerPierce BrosnanKelsey GrammerA comedy centered on the life of Kate Reddy, a finance executive who is the breadwinner for her husband and two kids."Divertido, mas absolutamente longe da realidade (ao contrário do que possivelmente acredita ser)." (Alexandre Koball)
Feminismo ultrapassado.
''O feminismo já ganhou bons representantes no cinema, que defenderam com classe a idéia da força da mulher, independente de sua época. Tomates Verdes Fritos (Fried Green Tomatoes, 1991), por exemplo, foi corajoso em retratar a vida de uma dona de casa que se espelha na história de duas mulheres da década de 1920, que reuniram forças para enfrentar o machismo opressor. Em A Cor Púrpura (The Color Purple, 1985) temos Whoopi Goldberg, Oprah Winfrey e Margaret Avery na pele de personagens que lutaram para defender seu sexo durante os anos de segregação racial americana. No musical Uma Mulher é Uma Mulher (Une femme est une femme, 1961) Anna Karina usa a força vanguardista da nouvelle vague para expressar a liberdade sexual das mulheres modernas. Como se pode notar, muitas atrizes já usaram sua beleza e poder para servir de inspiração liberatória para suas companheiras. Mas, com o filme O Diabo Veste Prada (The Devil Wears Prada, 2006), baseado em um famoso best-seller, esse conceito de mulher moderna tomou outros rumos no cinema. Agora a mulher independente precisa ser bem sucedida profissionalmente antes de tudo, e ainda ter tempo para cuidar de marido e filhos. Embora bem intencionada e realista, essa imagem acabou sendo desvirtuada e mal interpretada em outros filmes com mesma temática, resultando assim em obras fracas que na verdade desqualificam a força feminina. É exatamente isso que acontece com Sarah Jessica Parker em ''Não Sei Como Ela Consegue'' (I Don’t Know How She Does It, 2011), novo filme do diretor Douglas McGrath. Embora a atriz tenha ganhado o status de mulher-modelo com o sucesso do seriado Sex and the City, aqui o que temos é um conjunto de idéias equivocadas sobre o papel da mulher dentro da sociedade atual. Na trama, Sarah interpreta Kate Reddy, uma executiva de sucesso que trabalha como louca e ainda cuida de dois filhos e marido, sempre em cima de um salto alto e esbanjando beleza e confiança. Daí vem a escolha o título, afinal, até em uma ficção parece improvável que uma mulher consiga se desdobrar em tantos papéis com tanta disposição todos os dias do mês. Depois de passar quase que toda sua duração mostrando apenas essa rotina enfadonha para nós espectadores, o filme parte em seus momentos finais para um tipo de drama que não se encaixa de maneira alguma na história e só enfraquece o que já estava fragilizado. O erro aqui está na escolha de estereótipos e padronizações que já não chamam mais a atenção do espectador nem estimulam a mulher moderna a refletir. O tempo todo parece que Kate está fazendo tudo aquilo para agradar os outros – seu chefe, seu marido – e nunca a si mesma. Os momentos em que sai com as amigas, que deveriam ser para seu descanso, expõem a personagem como sendo fútil e superficial. Inclusive suas amigas são coadjuvantes padronizadas para filmes do gênero, sempre mais preocupadas com a vida da protagonista, como se não tivessem vida própria. No fim, surge uma mensagem involuntária de que a satisfação da mulher em estar no mesmo nível dos homens na sociedade é vazia e infantil. Os recursos narrativos adotados pelo diretor também não colaboram. Narração em off, depoimentos de personagens e trilha sonora moderninha dão a impressão de que se trata da continuação dos temas abordados em Sex and the City – O Filme (Sex and The City, 2008), um trabalho que, em outras palavras, apresenta a idéia de que mulheres dependem de sexo casual, sapatos Manolo Blahnik e bolsas Louis Vuitton para serem genuinamente felizes. O que poderia ser uma discussão interessante sobre a mulher moderna dividida entre o mercado de trabalho, casamento e a maternidade, e em como sua força poderia permitir equilibrar tudo isso, se transforma em uma minimização de sua importância na sociedade atual. A imagem de Sarah Jessica Parker, se um dia já serviu de incentivo à força da mente feminina, acaba de vez por aqui. Mulheres merecem ser tratadas no cinema com muito mais dignidade e realismo, como acontece nos exemplos citados no primeiro parágrafo. Claro que nem todo o filme sobre a força feminina precisa ser dramático, definitivo ou pesado – apenas deve saber encaixar em sua fórmula uma boa dose de realismo com doçura, valorizando os atributos que todas as mulheres podem oferecer. Se essa foi a intenção de Douglas McGrath, infelizmente ficou apenas no papel. A execução é falha e o feminismo foi por água abaixo." (Heitor Romero) - DirectorBruno PodalydèsStarsDenis PodalydèsValérie LemercierIsabelle CandelierArmand is torn between his wife, mistress and estranged kids - Then Granny dies and he faces a profound existential question: burn her or bury her?ADEUS BERTHE - O ENTERRO DA VOVÓ
"O humor típico francês, com uma série de bons momentos e piadas inteligentes, mas tudo perdido num filme extremamente irregular." (Rodrigo Torres de Souza)
"Com a morte não se brinca. Do mesmo modo, outras perdas são temas comuns a dramas feitos para emocionar, já que a maioria acha desrespeitoso ou de mau gosto rir do que faz sofrer. "Adeus Berthe: O Enterro da Vovó" arrisca-se a mostrar o outro lado, menos óbvio, dessas experiências, com uma graça distinta do pastelão, recurso mais comum nas comédias de humor negro. O diretor, Bruno Podalydès, aclamado pela crítica francesa, mas quase desconhecido pelo público brasileiro, reúne-se mais uma vez com Denis Podalydès, seu irmão, corroteirista e protagonista de quase todos os seus filmes. Denis vive Armand, um farmacêutico e mágico nas horas vagas que recebe a notícia da morte da avó e fica indeciso entre manter um casamento estável e sem graça e se entregar ao assédio da amante voluptuosa (Valérie Lemercier, deliciosa). Enquanto a crise sentimental ecoa a morte da avó, cujo funeral provoca impasses cômicos, Armand tenta lidar com a progressiva ausência do pai, vítima de Alzheimer. Em meio a tudo, o celular invade a realidade com torpedos que atiram a seriedade na direção contrária. A face nonsense de Denis Podalydès serve com perfeição a seu papel de âncora nas situações em que a falta de lógica e o absurdo aproximam o filme do humor surrealista, provocando um riso mais de estranhamento do que gargalhadas. As camadas de subversão, contudo, dependem muito dos diálogos, repletos de expressões de duplo sentido e jogos de palavras. São divertidos em francês, mas podem não funcionar para quem nunca tira o olho das legendas." (Cassio Starling Carlos)
''Dennis Podalydés merece seu lugar no olimpo cinematográfico pelo seu trabalho em duas obras primas do século 21: A Ponte das Artes de Eugène Green, filme infelizmente inédito no brasil, e Vocês Ainda não Viram Nada, de Alain Resnais. Graças a esses filmes, o ator tem crédito junto ao cinéfilo para trabalhar em inumeras mediocridades, entre as quais"Adeus Berthe - O Enterro da Vovó", comédia dirigida por seu irmão Bruno. Dennis é Armand, um farmacéutico do suburbio de Paris, apaixonado por truques de mágica e dividido entre a esposa Helène (Isabelle Candelier), e amante Alix (Valérie Lemercie). Ingredientes a mesa, bons atores para administrá-los, ainda assim não temos um bom filme. Porque não basta uma história com potencial r um roteiro razoavelmente administrado. Falta algo na receita. Falta cinema." (Sergio Alpendre) - DirectorOlivier AssayasStarsVirginie LedoyenCyprien FouquetLászló SzabóWhen the girl of a rebelious teenage couple finds out she is being sent away, they both believe escaping the rigid order suffocating them is the only way to be free. But is it?ÁGUA FRIA
"Daquela categoria especial de filmes que travam um diálogo direto comigo, a ponto de eu não saber avaliar o que é mérito de produção e o que é mérito da aproximação entre as ideias de Assayas e as minhas a respeito dos temas abordados." (Daniel Dalpizzolo)
"A obra-prima do diretor francês Olivier Assayas e um dos pilares do cinema contemporâneo." (Vlademir Lazo)
1995 César - DirectorPhilippe FauconStarsRashid DebbouzeYassine AzzouzYmanol PersetA realistic description of unemployed young Muslims who live in the french suburbs, lost generation ostracized by the racism which slowly push them to the Muslim extremism.A DESINTEGRAÇÃO
"A França atual como cenário propício para a cooptação de jovens terroristas, numa visão imparcial, abrangente e muito mais lúcida sobre a questão islâmica." (Rodrigo Torres de Souza)
Muito a dizer. Pouco a acrescentar.
''O diretor francês nascido no Marrocos Philippe Faucon especializou-se em abordar a intimidade e o lado introspectivo do povo árabe que resolveu viver fora de seus países natais. É este o assunto dos seus dois filmes mais conhecidos, Samia (idem, 2000), que retrata o sofrimento de uma menina residente da periferia da Marselha em crescer sufocada pela fé conservadora da família, e Duas Senhoras (Dans La Vie, 2007), sobre duas senhoras – uma judia e uma árabe – que se tornam amigas íntimas apesar da rivalidade entre seus povos. E é também sobre isto o que trata seu filme mais recente, A ''Desintegração'' (La Désintégration, 2011), agora tocando em um assunto ainda mais incômodo: o fanatismo extremista que resulta em atentados terroristas. Não é o primeiro filme sobre o tema. Entre os conhecidos, há o filme palestino Paradise Now (idem, 2005), que fez sucesso ao abordar o lado humano de um homem-bomba, contestando a impressão muitas vezes preconceituosa de que não passavam de autômatos sem consciência. Outro filme é o curioso Quatro Leões (Four Lions, 2010), uma corajosa (ainda que irregular) comédia de humor negro dirigida pelo inglês Chris Morris que faz piada com o fanatismo religioso para justamente reforçar o lado trágico. E a lembrança dessas duas obras é, justamente, para reforçar que A Desintegração não traz muitas novidades ao debate tão em evidência desde o início da década de 2000, pós-11 de setembro. Há dois tipos de personagens diferentes no filme: o protagonista é Ali, um jovem muçulmano que mora em uma região pobre e mesmo com o esforço que emprega nos estudos não consegue um emprego melhor do que o de trabalhar em um depósito, acaba se revoltando e, junto com outros jovens, é seduzido pelas idéias de Djamel, um muçulmano radical que não concorda com a visão tolerante de mundo que os outros árabes da região tem. Do outro, está justamente a família de Ali, uma família que tenta se integrar à França – inclusive, seu irmão está prestes a se casar com uma francesa e sua irmã trabalhadora já é adaptada aos costumes – inclusive estéticos - da França. Em sua curta duração, menos de uma hora e vinte, Faucon arquiteta de forma envolvente a desintegração do título: Ali, no início, é um jovem esperançoso, que manda seus currículos insistentemente para várias agências diferentes, trabalha e é um dos alunos mais aplicados do curso. Através de várias elipses, é explicitada a frustração cada vez mais crescente do jovem que, pouco a pouco, cai num inferno destrutivo que acaba sendo canalizada pelas idéias destrutivas de Djamel, que encarrega o jovem de junto com seus companheiros, explodir uma embaixada. De narrativa com um ritmo preciso e que não perde tempo após a introdução dos personagens, Faucon dirige com bastante maturidade dentro do norte autoral que escolheu seguir. Por mais que não tenha uma assinatura própria, esteticamente falando, o diretor usa composições de quadro que, em sua duração, valorizam a fluidez e a tensão dos diálogos entre os atores – diálogos esses não tão naturais assim. Mas dentre todos os seus filmes, talvez seja aquele que mais se encaminhe para o terreno no didatismo. Mesmo que o filme se preocupe em mostrar o cinza entre o preto e o branco e não retratar todos os muçulmanos como um exército de fanáticos ensandecidos por qualquer comentário ou estranhamento o tal processo autodestrutivo do protagonista, apesar de prender a atenção, passa longe de ser o comentário social mais profundo. Com pouco tempo à disposição, temos apenas duas vias pelas quais enxergar – o lado da família ainda pouco desenvolvido, e a relação dos árabes com a cultura francesa muito superficial. Dá para se entender e, em certo nível, até sentir o conflito e a angústia do personagem principal. Mas em menos de uma hora e vinte vemos apenas a ponta do iceberg, motivos apontados aqui e ali, mas nunca um comentário social que seja incisivo o suficiente ou que traga novas facetas. Uma vez que a revolta começa, Ali torna-se um personagem praticamente chapado – justamente o contrário de Paradise Now, onde a a consciência dúvida sempre existiam." (Bernardo D I Brum) - DirectorDaniel BurmanStarsLuis BrandoniNorma AleandroValeria BertuccelliA professional poker player seeks out an old flame after his marriage fizzles.A SORTE EM SUAS MÃOS
Drama cotidiano singelo, porém envergonhado de suas emoções.
''Mais uma vez Daniel Burman volta ao seu personagem alterego: argentino de classe média e origem judia na casa dos 30 anos. Nesse seu novo filme, o protagonista Uriel pode acrescentar os adjetivos enrolado, mentiroso e conquistador a essa descrição. Divorciado e com dois filhos, Uriel leva uma vida sem grandes complicações ou compromissos: trabalha na financeira deixada pelo pai, cuida dos filhos eventualmente, relaciona-se com várias mulheres mas sem estabelecer nenhum tipo de vínculo e, fora isso, dedica-se a jogar pôquer. É nessa falta de perspectiva que ele decide se submeter a uma vasectomia, com o objetivo de eliminar mais uma preocupação de sua vida. A situação se altera quando Uriel reencontra Glória, uma antiga namorada que o abandonou anos atrás. Recém saída de um relacionamento e de volta à Argentina, Glória vai balançar o cotidiano do bon vivant exigindo que ele se comprometa e torne-se menos enrolado. Apaixonado, ele fará de tudo para cumprir a expectativa da moça. No entanto, será complicado para Uriel desmontar o castelo de cartas e mentiras que ele armou em sua volta sem deixar tudo desmoronar e perder sua grande paixão. Com a simpatia de um personagem sedutor, a forma leve de filmar e o texto engraçado que surge das falhas de caráter misturada com o coração bom do protagonista, ''A Sorte em Suas Mãos'' (La suerte en tus manos, 2012) é de fato um filme divertido. As piadas de situação que envolvem o médico de Uriel, um rabino que também joga pôquer, seu melhor amigo que acaba de encontrar uma namorada pela internet, são arquitetadas de forma engenhosa para que a história caminhe e ganhe densidade – e até alguma tensão – sem que o espectador se canse. Daniel Burman é de fato um mestre nas pequenas crônicas familiares que se desvelam no cotidiano das relações. Assim, os momentos de troca entre a séria Glória e sua mãe, uma vaidosa e intelectualizada apresentadora de programa de rádio sobre literatura, conseguem ser singelamente belos. É especial a cena em que as duas visitam o apartamento do pai da protagonista e se perdem nas fotografias, livros, objetos e memórias que recontam a história daquele núcleo familiar. E ainda o momento em que sua mãe a leva para o seu compromisso secreto das segundas-feiras no clube das mulheres de moletom. No entanto, é como se Burman nesse filme, um pouco como seu personagem Uriel (que mente por não se achar bom o suficiente), não acreditasse na potência do seu cinema – ou na potência em que esses micro momentos do cotidiano familiar conseguem ter em seus filmes. Assim, muitos desses encontros são esmagados por certa pasteurização das imagens – como se a felicidade só pudesse existir na imagem publicitária, que junta uma edição ágil e divertida a uma trilha sonora agitadinha. O espectador fica do lado de fora, querendo reencontrar os personagens e não apenas as suas representações de cópias felizes. Um exemplo dessa falta de tato é a cena em que Glória vai colocar a filha de Uriel para dormir. Pela primeira vez as duas estão compartilhando um momento de intimidade sozinhas, a menina acaba de revelar sem querer à namorada do pai uma das suas mentiras, as duas se dão conta do que aconteceu, mas continuam contentes por estarem ali juntas. A cena se encerra com Glória cantando para que a menina durma, algo que ela admite não fazer na frente de outras pessoas. No entanto, nesse momento, no lugar de ouvirmos a canção, sobe uma trilha sonora animadinha e a câmera se afasta – como se o filme tivesse vergonha (medo?) da sua própria emoção – substituindo esse momento único, por uma trilha pop qualquer. Aos poucos, essa coleção de momentos bonitinhos porém banais – pois tiram dos personagens e das imagens os que eles têm de específico substituindo por algo palatável e já visto –, fazem com que o desfecho da história nos pareça cada vez menos importante. Primeiro porque nesse universo enlatado está claro que a única solução possível é o happy end. Mas também, porque com esses pequenos truques está admitido que toda cena pode se resolver com uma câmera lenta, um close nos rostos iluminados dos protagonistas e uma música que abafe qualquer ambiguidade." (Kenia Freitas) - DirectorMiguel CourtoisStarsLuis TosarAntonio FerreiraEileen MorenoA thriller centered on a family taken hostage by the Revolutionary Armed Forces of Colombia.OPRERAÇÁO E
A visão do homem comum sobre a guerrilha.
''Mentiras, traição, conflitos familiares, vergonha, perda de dignidade, infernos humanos: o diretor franco-espanhol Miguel Cortouis, desde o seu primeiro longa El Lobo (idem, 2004), insiste de forma recorrente em sua particular temática sobre seus personagens, pessoas simples que se veem dentro de situações limites. Se no filme de oito anos atrás um simples operário via-se obrigado por razões monetárias a se tornar um agente infiltrado da ditadura franquista no grupo terrorista ETA e acabava se tornando encurralado pelos dois lados, o caso não é muito diferente em ''Operação E'' (Operación E, 2012), que toma como cenário a guerrilha entre o governo colombiano e o grupo de guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, a FARC, como ficou conhecida no cenário internacional. A obra é inspirada em fatos reais – o seqüestro da ex-ministra Consuel González, da advogada fiscal Clara Rojas e de seu pequeno filho Emmanuel, que durou de 2002 e 2006. Porém, vemos a situação toda pelo ponto de vista de José Crisanto, um pobre camponês que vive com sua mulher, seu sogro e cinco filhos e que, determinado dia, é designado por um pelotão das FARC a tomar conta do menino seqüestrado. Com a guerra chegando cada vez mais perto de sua casa, Crisanto se vê obrigado a fugir com sua família quando não chegam os medicamentos prometidos para a criança com menos de um ano de vida, que tem um braço quebrado e sofre de malária. Esse thriller político pé-rapado – sobre um homem que não tem nada e, ao longo da história, passará a ter medo mais ainda – é arquitetado narrativamente de forma classicista, com uma tensão cada vez mais crescente e com o medo pelo pior sempre espreitando à esquina,mesmo quando o filme parece se encaminhar para uma conclusão. Não tarda muito para que Crisanto, que tenta persistir bravamente em cuidar da família, nem que para isso tenha que viver como um rato, mentindo e fugindo, acabe sendo encurralado pelos dois lados, tanto pelas FARC, que querem o menino de volta para que possam negociar o seqüestro, quanto pelo próprio governo colombiano, que considera o camponês o seqüestrador da criança ligado as FARC. O roteiro permite que nos identifiquemos facilmente com o protagonista, que, no final das contas, não está do lado nem das Forças Revolucionárias nem do Estado – está, apenas, do lado da sua família, que acaba, com o passar do tempo, cansando de fugir e perdendo a confiança nos métodos pouco eficazes e jamais seguros de Crisanto. Com uma linguagem documental, as câmeras sacolejantes e móveis de Courtouis aliadas com a imagem altamente granulada acabam conferindo um tom mais realista ao filme, que combinados com os tipos físicos escolhidos dos atores acaba convencendo. Dedicado a todas as vítimas da Guerra, como aponta um letreiro ao final do filme. A obra de Courtouis jamais fica parada e continua avançando. O roteiro não apresenta grandes novidades dramatúrgicas – é um suspense bem escrito o suficiente para segurar a atenção nas quase duas horas do filme. O tema “sozinho contra todos é sempre interessante, desde os áureos tempos de Alfred Hitchcock – não à toa, todo ano, exemplares e mais exemplares do tema desovam nas locadoras e cinema. Mas nesse caso específico, o bom trabalho feito em mostrar que o homem comum da Colômbia não pode contar com nenhum dos lados para ajudá-lo nas necessidades mais básicas cria uma ponta de interesse que destaca o filme do costumeiro samba de uma nota só do filão. Claro que nem tudo são flores: com sua narrativa character-driven que praticamente jamais desgruda a camêra de Crisanto, os outros personagens parecem um tanto simples e unidimensionais. Alguns momentos interessantes – as duas primeiras seqüências são de uma ambição estética curiosa, valorizando o diálogo e o trabalho narrativo com sons e a interação dentro/fora do quadro – e a linguagem modernosa tanto vista em filmes mais despretensiosos deixa o filme no caminho entre o realismo composto e um cinema de ação simplista. Mas o saldo é positivo: ignorando certas conveniências e a persistência além do necessário em certos arcos da história que poderiam ser trabalhados com maior economia, deixando o filme até fluir melhor, esta é mais uma prova de que o cinema político, com o seu olhar sempre atento para as questões dos excluídos e marginalizados por sistemas e poderes paralelos centrados unicamente em interesses próprios, ainda mantém sua força magnética. Escolado nesse tipo de cinematografia, Cortouis fez um filme de méritos inegáveis – mas, pela linguagem adaptada e servil, pouco marcante." (Bernardo D I Brum) - DirectorAndreas DresenStarsSteffi KühnertMilan PeschelTalisa Lilly LemkeFrank is diagnosed with an incurable brain tumor and given only a few months to live. He and his wife don't know how and when to tell their children about it. Meanwhile, Frank's health is getting worse with each day.PARADA EM PLANO CURSO
A morte como imagens: quais os limites da representação?
''O crítico de cinema francês André Bazin defendia que a representação da morte real no cinema constitui uma obscenidade, pois é impossível representá-la sem violentar a sua natureza – ou seja, sem tornar um momento único no tempo passível de reprodução infinita na tela. Óbvio que ao falar de “morte real” Bazin restringia-se ao campo do cinema documentário. Ainda assim, essa objeção nos parece bastante pertinente para pensarmos sobre a ficção alemã ''Parada em Pleno Curso'' (Halt Auf Freier Strecke, 2011). No filme, acompanhamos os últimos meses de vida de Frank: casado, pais de dois filhos, feliz e, até o momento, completamente saudável. Na cena inicial Frank e sua esposa Simone recebem o diagnóstico de que ele está com um tumor maligno e inoperável no cérebro, restam-lhe apenas tratamentos paliativos e a certeza de que sobra muito pouco tempo de vida pela frente. A partir daí Frank, sua esposa, seus filhos de 14 e 8 anos, amigos e parentes próximos passam a lidar com a morte como uma constante próxima. Partindo dessa premissa fatal e inevitável, nos questionamos sobre como e porque representar no cinema os últimos meses de um doente terminal. Como não transformar a morte em espetáculo ou peça de um melodrama insuportável de quase duas horas? Por que representar o que pode cair na obscenidade das imagens que atravessam os momentos mais íntimos e dolorosos da experiência com a morte? Desde o início, o filme adota uma representação dura e crua. Não há lugar para o melodrama, ou escapismos líricos. O registro ampara-se em imagens limpas, quase como um documentário observativo do cinema direto. Parada em Pleno Curso encara os seus personagens de frente, com uma câmera próxima, sem muletas de trilhas sonoras ou tratamento de imagens. Nas brigas, no choro, no afeto, nos eventuais desesperos ou alegrias, a câmera mantém-se ali, garantindo o lugar do espectador dentro daquele drama – mas sem cair no voyeurismo ou apelar para algum tipo de sensacionalismo barato. As passagens acontecem lentamente, à medida que o tumor cresce e Frank perde cada vez mais o controle sobre o próprio corpo. São raras as exceções para essa crueza. Uma delas se dá nos delírios midiáticos que o personagem tem sobre a sua doença, quando ao assistir televisão ele vê no convidado de um talk show o seu tumor falando sobre a sua progressão e a deterioração da saúde de Frank. Seu tumor também toma conta do noticiário da rádio – e, de vez em quando, aparece para deitar-se em sua cama ou substituir sua imagem filmada ou refletida no espelho. Ainda assim, o humor dessas cenas é de uma lucidez cortante – mais do que no terreno dos sonhos, estamos adentrando na incapacidade crescente do personagem de racionalizar os pensamentos e a realidade a sua volta. Tudo está literalmente tomado pela doença, até as projeções mentais. Talvez o maior escape do filme esteja nas imagens pixeladas produzidas pelo Frank com o seu celular: a mulher, os filhos, a casa, a vizinhança, a loja de ferramentas, o personagem parece não querer abrir mão de nenhum detalhe. É com esse mecanismo também que ele se filma e faz pequenas observações, que mais do que legado funcionam como um divã – no qual se pode pensar sobre as oportunidades desperdiçadas ou fazer piada de humor negro sobre a morte. Contar-se a si mesmo como a última e única forma ainda possível de cuidado de si. É preciso lutar contra o tempo e produzir o seu próprio inventário imagético. Ou talvez fazer o tempo dobrar, torná-lo repetitivo ao infinito para concorrer com a morte – que como já disse Bazin, só pode existir no tempo uma única vez. O porque nos vem aos poucos, no projeto quase pedagógico do filme de destraumatizar a morte – de tornar sua representação possível e não obscena. O médico frio e objetivo da primeira cena é substituído por uma médica mais atenciosa, que atende Frank em sua casa na fase final da doença. Mais do que a Frank, é a Simone a quem essa presença ajuda insistindo na necessidade de levar aquele processo até o fim, por mais doloroso, feio e sem esperança que ele seja. Resta ao espectador ficar ao lado da personagem e também não desistir da empreitada a partir dali. Se de fato há lugar para a morte como imagem no cinema sem trair sua natureza, fica evidente que ainda não mais traumática, essa representação segue acima de tudo dolorosa." (Kenia Freitas)
2011 Palma de Cannes - DirectorTeresa VillaverdeStarsBeatriz BatardaMiguel NunesIsrael PimentaVera is a singer in her thirties; she is back in Lisbon for the final performance of her concert tour. The heat and beauty of Lisbon makes one want to be happy. Pablo, the companion she selected from among the many who answered her questionnaire, helps her through the sleepless nights. He has no family, but wishes he had. Vera concerns herself with the mysteries surrounding Pablo's life. Vera is not afraid of the night; she is not afraid of anything. Vera has no ties. In her house, far from anywhere, is Sam, the man she loves. They only understand one another at a distance, and in writing. The house is hers, but Sam has turned up to stay. He asks her to leave because he needs to be there alone; near her things but not with her. She is hurt by this but agrees and goes away, leaving him there on his own. A child in Pablo's care commits an irredeemable act; he kills a man. Something needs to be done; the child must be saved. Vera gets involved. She takes the child under her wing. By saving the child, she saves herself. And she saves Sam. The child is the portent of a serene uncertainty.O cinema como pintura em Cisne: live painting da portuguesa Teresa Villaverde.
"Pinceladas de uma história. Assim a diretora portuguesa Teresa Villaverde explica a narrativa de seu novo filme, "Cisne" (idem, 2011). Nele acompanhamos os encontros e as angustias de diversos personagens: Vera, uma cantora em turnê na cidade de Lisboa, que deixou em sua casa no campo o amante Sam, um violinista que se mostra um homem silencioso e que vive essa complicada relação por correspondência com a cantora. Durante a turnê, Vera conhece Pablo, que trabalha como seu acompanhante na cidade e está tomando coragem de conhecer a mão biológica que o abandonou. Essas são apenas algumas peças da história que o filme vai nos revelando gradativamente. Nada disso nos é dado a perceber de forma instantânea. O espectador precisa entrar na trama aos poucos, ao mesmo tempo em que é obrigado de saída a acompanhar esses corpos errantes e atormentados muito de perto e demoradamente: são longos os planos nos rostos, nas costas, nas mãos, enfim, nos corpos que parecem não saber o que fazer consigo além de restar na imagem. Em hora nenhuma Teresa Villaverde embaralha a narrativa cronologicamente, os planos seguem-se e apresentam sua lógica própria – mas cada movimento, cada nova peça, só são compreendidos a medida do seu próprio transcorrer na tela. Nesse universo, nada está dado de antemão. É preciso que a diretora pinte com a película, para que as ações transcorram – em uma espécie de live paiting cinematográfico. Os encontros produzidos por tais pinceladas estão no terreno do imprevisível: pode ser que Vera e Pablo tornem-se amantes, ou que ela apenas queira ajudá-lo a acertar sua vida; que Sam se envolva com a bem resolvida anã Amy; que a mãe de Pablo o aceite como filho. Mas, como obra em processo que espalha-se no transcorrer da própria vida, não é preocupação do filme resolver ou encerrar as suas possibilidades. Estamos definitivamente no terreno da imagem como afeto. Se em alguns momentos a falta de entendimento pode nos provocar incomodo, é ela também que aproxima os espectadores ao universo do filme: compartilhando com aqueles corpos a sensação de deriva, desconforto e incerteza." (Kenia Freitas) - DirectorMarcel CarnéStarsArlettyJean-Louis BarraultPierre BrasseurThe theatrical life of a beautiful courtesan in 1830s Paris and the four men who love her."Há muita influência do teatro neste trabalho de Carné, de narrativa riquíssima e personagens complexos. Não à toa um dos clássicos mais elogiados por grandes cineastas, como Truffaut e Luchino Visconti."(Heitor Romero)
''Se existe um paradigma aceito do cinema francês clássico é "O Boulevard do Crime", do qual hoje é exibida a segunda parte. Registremos. Mas botemos um freio. Estamos num mundo de atores populares. Ali, o mímico Baptiste, já casado, continua apaixonado por Garance, que casou-se com um ricaço. Mas eles se amam. Tudo bem poético e tal, mas: 1. Para quem reclama que o cinema francês é falastrão, eis aqui o exemplo mais clássico. Ou seja, o roteiro é de Jacques Prévert; 2. A mencionada Garance, papel de Arletty, já beirava os 50 anos e não seduzia ninguém (fora os atores do filme); 3. O miscasting deve-se ao fato de que Arletty ajudou a levantar o dinheiro para o filme. Marcel Carné teve que engolir essa." (* Inácio Araujo *)
19*1946 Oscar - DirectorAlexander EswayBilly WilderStarsDanielle DarrieuxPierre MingandRaymond GalleAfter his father sells his car, Henri "borrows" a stranger's car in order to make a date with a young woman. This act sees him fall foul of a gang of car thieves but after some discussion he joins their gang."Antes do inicio de sua carreira em território americano, Wilder já brilhava na Europa com este grande filme sobre a decadência financeira e moral de um homem que tenta se valer do dinheiro para compensar seu caráter indolente." (Heitor Romero)
- DirectorDustin HoffmanStarsMaggie SmithMichael GambonBilly ConnollyAt a home for retired musicians, the annual concert to celebrate Composer Giuseppe Verdi's birthday is disrupted by the arrival of Jean (Dame Maggie Smith), an eternal diva and the former wife of one of the residents.''Dustin Hoffman, um dos atores de rosto comum promovidos a astros pela Hollywood dos anos 1960, estreia na direção com "O Quarteto", produção inglesa sobre uma casa de repouso para músicos idosos. E estreia de maneira digna, respeitando o tempo e a entonação dos atores e permitindo que cada um deles brilhe à sua maneira. Brilha especialmente o quarteto que dá nome ao filme: Tom Courtenay, Maggie Smith, Billy Connolly e Pauline Collins vivem os quatro ex-cantores de ópera que representam Rigoletto, de Verdi, para levantar fundos necessários à manutenção da casa. Reginald Paget, e a relação entre ele e a ex-diva vivida por Smith é responsável pelos momentos mais tocantes do filme. A direção de Hoffman é segura, livre de afetações. Na história, não há chantagens emocionais ou truques de roteiro que paparicam o espectador. Há somente um respeito profundo pelo envelhecimento, pelas inseguranças e deficiências de cada um, além de um salutar respeito pela música (nesse sentido é o contrário de Intocáveis, no qual a música erudita simboliza o decadentismo europeu). A decadência mostrada por Hoffman é a do corpo, tem a ver com a inevitável proximidade da morte e com a impermanência das coisas (a cena em que um dos internos sai de maca para o hospital é bem aflitiva). Por isso nos toca profundamente. Nós, que perdemos pessoas queridas, que vislumbramos constantemente o fim de uma vida e que sabemos o valor da vivência e da sabedoria adquirida com o tempo. "O Quarteto" é modesto e sutil, um pedaço de vida representado por grandes atores." (Sergio Alpendre)
70*2013 Globo - DirectorLaurence OlivierStarsLaurence OlivierCedric HardwickeNicholas HannenShakespeare's powerful tale of the wicked deformed King and his conquests, both on the battlefield and in the boudoir."Ricardo 3º" é uma peça com sorte cinematográfica. Há pouco, Al Pacino fez um, o admirável Looking for Richard (1996). O mais clássico, de 1955, deve-se a Laurence Olivier. A principal marca é não esconder a origem teatral. É como se o filme nos dissesse: já que não dá para ver Olivier fazer Shakespeare em pessoa, aí vai. Lá estão toda a inveja e a perversidade do rei usurpador." (* Inácio Araujo *)
28*1956 Oscar / 13*1956 Globo / 1955 Urso de Ouro - DirectorKenneth BranaghStarsKenneth BranaghDerek JacobiSimon ShepherdIn the midst of the Hundred Years War, the young King Henry V of England embarks on the conquest of France in 1415.Já que estamos nessa tocada, traz o "Henrique 5º" feito por Kenneth Branagh. É, por certo, inferior a Olivier, mas basta aquele monólogo do rei para que tudo fique em dia. Deviam pôr esse discurso para motivar atletas olímpicos: dará mais resultado que essas coisas de "neuroisso" e "neuroaquilo". E se não der, ao menos educa." (* Inácio Arujo *)
62*1990 Oscar - DirectorPaul W.S. AndersonStarsSanaa LathanLance HenriksenRaoul BovaDuring an archaeological expedition on Bouvetøya Island in Antarctica, a team of archaeologists and other scientists find themselves caught up in a battle between the two legends. Soon, the team realize that only one species can win.''Alien, o oitavo e terrível passageiro tornado célebre por Ridley Scott, em 1979, tem um encontro marcado com Predador, o E.T. de dreadlocks do qual nem o fortão Arnold Schwarzenegger foi capaz de dar cabo em 1987. O crossover (literalmente, cruzamento) entre os dois personagens mais populares da ficção científica dos anos 80 está sendo promovido por Paul W.S. Anderson (Mortal Kombat). Marketing? Bingo! Por mais que Anderson jure fidelidade aos personagens -o que realmente não é de duvidar, dada a quantidade de referências aos outros filmes -, "Alien vs. Predador" é tão relevante quanto as demais continuações furadas das franquias. Para levar adiante seu sonho e, claro, engordar a caixa registradora da Fox, que aguardou séculos para dar OK à produção, o diretor foi obrigado a se contentar com um elenco de desconhecidos e um roteiro ambientado 150 anos antes do primeiro Alien. Pelo menos não preciso pensar duas vezes antes de matá-los, defendeu o diretor em rápida entrevista à Folha. O que não deixa de ser verdade: "Alien vs. Predador" é uma espécie de jogo Tetris em que as peças que caem são as paredes de uma pirâmide subterrânea construída por predadores para caçar aliens (mas que acaba prendendo os humanos). Ritual realizado a cada cem anos -contados tragicamente em um calendário asteca!-, os humanos são apenas a presa para que a gosmenta batalha tenha início. E não acabe nunca." (Diego Assis)
- DirectorTom McCarthyStarsPeter DinklagePatricia ClarksonBobby CannavaleWhen his only friend dies, a man born with dwarfism moves to rural New Jersey to live a life of solitude, only to meet a chatty hot dog vendor and a woman dealing with her own personal loss.''Tudo em "O Agente da Estação" converge para o olhar. A começar pelo seu protagonista, um homem com pouco mais de um metro de altura. Finbar é um sujeito taciturno, que trabalha numa loja de maquetes de trens, sua obsessão. Alvo de comentários jocosos ("Cadê a Branca de Neve?", gritam as crianças do bairro ), ele vê novas perspectivas quando seu chefe morre e lhe deixa uma herança. Trata-se do galpão de uma estação ferroviária abandonada, numa cidadezinha esquecida em Nova Jersey. O lugar, que servirá como seu novo lar, é a oportunidade para se isolar de vez do mundo e dos olhares curiosos. Tente se lembrar de quantas vezes você viu anões no cinema recente, que não fosse em filmes de David Lynch ou em comédias de gosto duvidoso, e você terá uma idéia da provocação do diretor estreante Thomas McCarthy. Finbar é o típico outsider; guarda semelhanças com outros tipos misteriosos e sedutores, na linha de Clint Eastwood. Poucas vezes personagens delicados como Finbar são tratados de forma honesta, num registro que guarda parentesco com os irmãos Farrelly ("Ligado em Você", comédia sobre irmãos siameses). Mas o mundo de O Agente é menos cor-de-rosa. Aqui, as pessoas são desiludidas e ressentidas. Finbar tenta fugir dos olhares, mas não consegue, a começar pela visão do espectador. Ele não é um mero coitadinho, como adora o cinema independente americano. Ao contrário, é ríspido e trata mal as pessoas que tentam estabelecer contato de amizade com ele. Desde o primeiro momento em seu novo lar, não encontrará paz. Terá sua chance de redenção na figura de quatro pessoas igualmente solitárias. Joe é uma dessas figuras. Extremamente falante, com um trailer de cachorros-quentes ao lado da estação, tenta aproximar-se de Finbar. Já Olivia é uma mulher deprimida pela morte do filho e por um casamento malsucedido. Dinklage leva o filme inteiro nas costas. Sua interpretação tira força de um motivo simples: podemos concluir que o que vemos na tela é sua própria vida. O Agente decai quando se conforma aos limites de um filme aborrecidamente dentro dos padrões da cinematografia da auto-ajuda. Finbar vai aos poucos abaixando suas defesas, abre a possibilidade para a amizade e o amor. Quando vê que pode colocar tudo a perder, tenta desesperadamente recuperar o tempo perdido. A essa altura, o olhar é enganado novamente. A pequena figura de Finbar vira mero detalhe. Passamos a enxergá-lo como um homem qualquer de estatura mediana. E o filme, como um drama bem-humorado qualquer." (Bruno Yutaka Saito)
2003 Sundance - DirectorGabriele MuccinoStarsSilvio MuccinoGiuseppe SanfeliceGiulia Louise SteigerwaltSilvio is sixteen and is more interested in girls than politics. When his high school is occupy by students, he takes the chance to find his soulmate. He and his friend Ponzi experience the anxiety of love and sex. The occupation is shut down by the police. After a first deception, Silvio will find his first love almost by chance."Para Sempre na Minha Vida" é um filme a ser entendido na tríade temática "ambiente escolar, alunos e autoridade". Curiosamente, o tempo atual vem mostrando versões de certo modo simpáticas à autoridade. Se pensarmos neste filme e em Ser e Ter, documentário que disseca o equilíbrio natural de uma escola, a idéia procede. Se Ser e Ter louva ordem e o carinho duro existente na figura passadista de um professor, o filme italiano conclui que a excitação política de esquerda é febre tão radiante quanto bobinha, aos 16 anos. Artefatos poderosos seriam mesmo a descoberta do amor e a compreensão da mocidade como ciclo de pequenos eventos especiais que se reeditam. Alunos lutam contra a privatização de sua escola. Conquistam fisicamente a instituição, vivem enredos românticos e se deslocam de moto por Roma, onde o filme rabisca um painel colorido do que é ser jovem. Discursos são diluídos em superficialismo que assusta, mas a forma com que Muccino conduz a história denuncia um romantismo de quem é casado com a primeira namorada, ou coisa do tipo. Explica-se: a filmagem indica duas substâncias, a urgência e o sublime, misturadas como se o diretor se sentisse e agisse de fato como um dos alunos. Assim, a agenda estética é pensada na inconseqüência de uma câmera ofegante, meio hormonal (a urgência), e em um radar antiquado de beleza juvenil, com música perfeita nos lugares certos e olhar, eventual, emulando poesia (o sublime). O filme é um doce e caótico caderno colegial de menino. Interessante também é lembrar do diabólico exercício em liberdade e vandalismo Zéro de Conduite, de Jean Vigo, que, em 1933, trazia visão diferente sobre autoridade, revolução e rebeldia." (Claudio Szynkier)
2000 Lion Veneza - DirectorSteven ZaillianStarsJoe MantegnaBen KingsleyMax PomerancA prepubescent chess prodigy is encouraged to harden himself in order to become a champion like the famous but unlikable Bobby Fischer.''Steven Zaillian não teve muitas oportunidades na direção, o que talvez se explique pelo fato de seu trabalho de estréia, "Lances Inocentes", fazer sentido. Lá está a história de um jovem gênio do xadrez, cujo pai, como todos os pais, quer ver o garoto nas nuvens, e cujo mestre quer que ele copie de Bobby Fischer, o antigo campeão mundial, o espírito de competição elevado a uma potência demencial. Ou seja, de inocentes esses lances não têm nada. A circunstância de serem executados por crianças enfatiza, no entanto, aquilo que o comportamento humano tem de mais destrutivo. Estar em um mundo onde se vê o próximo como inimigo (ou concorrente) talvez seja nosso destino. Sorrir por isso, não necessariamente.'' (* Inácio Araujo *)
66*1994 Oscar - DirectorPeyton ReedStarsEwan McGregorRenée ZellwegerDavid Hyde PierceIn 1962 New York City, love blossoms between a playboy journalist and a feminist advice author.''Podemos dizer de "Abaixo o Amor" que é um mero carbono de "Médica, Bonita e Solteira", bela comédia feita por Richard Quine no começo dos anos 60. Mas podemos ver a coisa com mais generosidade. Quando vemos uma comédia dos anos 60, podemos observar um momento em que os costumes sexuais começavam a mudar. Daí que observamos uma sexóloga lançando um livro e fazendo muito sucesso. E, ao mesmo tempo, um jornalista marrom disposto a mais ou menos tudo para desmoralizá-la. É a luta do homem para manter o domínio sobre o mundo e, ao mesmo tempo, a luta dos reacionários contra os novos costumes. Ora, como isso poderia nos interessar no século 21? Nesse meio tempo veio a pílula, a maternidade tornou-se uma opção e a profissionalização feminina hoje é praticamente compulsória. No entanto, interessa. Interessa, entre outras coisas, porque aqui não é mais desses problemas que se trata. A evocação é que é o centro de tudo. O que "Abaixo o Amor" nos traz de volta é, antes de mais nada, um momento de grandeza de Hollywood. Era quando os filmes aspiravam retratar a vida de pessoas comuns (ou encontrar o que há de incomum em nós comuns). Hoje aspira a retratar gnomos e congêneres. Não só isso: vivemos no pós-pílula, no pós-feminismo, no pós-tudo. No entanto, o combate entre Renée Zellweger e Ewan McGregor está aí para nos lembrar que afinal não mudamos tanto assim: homens e mulheres continuam a se encontrar, a amar, a sofrer -tudo como antes. Se a história parecer previsível, é o caso de o espectador não se aborrecer com isso. O êxito dessas comédias, nos anos 60, vinha em boa parte de sua previsibilidade." (* Inácio Araujo *)
- DirectorJean-Luc GodardStarsBruno PutzuluCécile CampJean DavyAn author works on a project on the subject of love, and, in the process, crosses paths with a former love in his life.ELOGIO AO AMOR
"Podemos até ficar de acordo. Muitas coisas em Godard são chatas, ele não concede um milímetro ao prazer irresponsável de espectador que qualquer um às vezes quer ter, ele se nega a narrar uma história, exige um estado de alerta permanente, incompatível com a visão de um filme etc. Mas vejamos a coisa por outro ângulo. Como não há histórias, nem algo muito linear ocorrendo, nossa atenção pode se dispersar e retornar que tudo ainda funciona perfeitamente. E, se entendermos só um pouco do que diz, já valerá mais do que 20 filmes comuns. Por fim, quem se sente desorientado pode lembrar que, em Godard, a atualidade é sempre uma âncora segura. No caso de "Elogio ao Amor" fala-se da falência do Estado. E que filme já tocou no assunto? Coragem. Vamos nessa." (* Inácio Araujo *)
2002 César - DirectorAgnieszka HollandStarsMiranda OttoWilliam FichtnerLothaire BluteauA desperate mother (Miranda Otto) in the midst of a failing marriage travels to Poland in search of a mysterious man rumored to have miraculous healing powers in this fantastic romantic drama.''O título, no gerúndio, definitivamente, não ajuda. Pelo menos, soa sincero. Nos dá a impressão de que enfrentaremos um filme maçante, lento, anticlimático e sem reviravoltas. "Voltando para Casa" é tudo isso. E só. Uma mulher interrompe a viagem de férias com os filhos para fazer uma surpresa ao marido, que ficou em casa, no Canadá. Volta e o flagra na cama com outra (já viu isso em algum lugar?).Seguem-se diálogos recheados do tipo não é o que você está pensando, perdi a confiança em você e assim por diante. No auge dessa conversa fiada, descobre-se que o filho pequeno está com câncer. E, tendo ouvido falar de um curandeiro russo, na Polônia, que salva vidas com o toque das mãos, a mulher decide, como se fosse a coisa mais natural do mundo, levar o garoto até lá. Bem, o curandeiro salva sim o garoto, e a mãe, por sua vez, se apaixona pelo curandeiro... E resolve levá-lo para seu país e ensiná-lo sobre o amor numa romântica cabana na floresta... O roteiro é, como se pode ver, fraco, piegas e melodramático, e os atores parecem colocados em cena com a única preocupação de fazer com que seus rostos dilacerados sobressaiam sempre. Cansa o excessivo recurso dos closes. Mas, sigamos mais um pouco. Mãe e curandeiro voltam do idílio (e ela JÁ está grávida), e descobrem que o garoto adoeceu de novo. O curandeiro tenta salvá-lo mais uma vez, mas já não consegue, pois caiu nas garras do amor e, por isso, perdeu seus poderes. Difícil, né?" (Sylvia Colombo)
2003 Lion Veneza - DirectorAntoine FuquaStarsClive OwenStephen DillaneKeira KnightleyA demystified take on the tale of King Arthur and the Knights of the Round Table.''Estamos no tempo da Távola Redonda. Roma domina o território britânico. Arthur é um guerreiro virtuose, escravizado desde a infância pelos romanos. Com seus cavaleiros, defende o poder do Império em uma zona militarizada e complexa, espécie de Iraque insular. Talvez seja interessante entender o filme, a princípio, no paralelo entre personagem principal e diretor. Pois é a história do servo (Arthur) que goza de grande reputação perante seus senhores. É o capataz talentoso, convocado para uma última missão romana, serviço delicado: resgatar um futuro sacerdote romano, pois os saxões, carniceiros, avançam. Arthur aceita, a fim de selar sua carta de alforria e de seus comparsas. Quem é esse Arthur? É Fuqua, um dos mais habilidosos diretores de gênero de sua geração, prodígio da espada, ou da manipulação com câmera. Roma seria Jerry Bruckheimer, o mega-produtor do filme. Fuqua já havia feito filmes agindo como grande contrabandista. Dia de Treinamento, por exemplo, é uma jóia sobre fascínio, e decorrente confusão, do discípulo justo diante do mestre diabólico, entidade de sabedoria e truques hipnóticos, reinante em uma Los Angeles mundo-cão. Um deus do inferno, mas de distintivo dourado.Era um filme sobre um conflito religioso, coberto por tecido pesado e bem confeccionado de filme policial. É mais ou menos o que Fuqua faz no baile de fantasias medieval de Bruckheimer, altera o registro do filme. O que era para ser uma recriação do gênero Távola Redonda é convertido em faroeste. Fuqua, assim, é Sam Peckinpah, na coreografia de balés de mutilação e violência. Fica claro, inclusive, na mais genial das seqüências: uma dança tétrica, próxima do surrealismo, realizada em carpete de gelo que quebra e se estilhaça. Será fundamental, no filme, o tema da vocação, e amor, no manejo das armas, aparatos de sobrevivência, mas também de gozo. Se Fuqua é Peckinpah, os saxões são facínoras infestando e estripando vilas. E Fuqua usa até um certo caráter nacionalista, que o enredo assumirá, a serviço de sua experiência em mutação de gêneros. Pois forças antagônicas irão se unir para instituir liberdade, ordem e desinfecção (saxões são lixo) naquela terra -uma nova terra, para os bons. E pouca coisa é mais western do que o mito da fundação, a idéia dos pistoleiros párias (os homens de Arthur, que irão se juntar aos woads, inimigos, todos subjugados por Roma) que trabalharão na carpintaria e nos curativos de um lugar que ainda não é lugar; um deserto, não árido, mas florestal. E o que mais importará, nessa operação de justiça e fundação unificada, escapa das regulagens de Bruckheimer: "Rei Arthur" é, acima de tudo, um filme sobre a atração pela morte, e sobre a possibilidade da morte como prazer, e imagem, inerente ao viver." (Claudio Szynkier)
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''O diretor americano Antoine Fuqua é especialista em dramas de ação adultos, com temas pesados, e já apresentou trabalhos bem bacanas como Dia de Treinamento, que rendeu a Denzel Washington o Oscar de melhor ator, e o recente Nocaute com Jake Gyllennhaal. "Rei Arthur" é a visão dele sobre contos dos Cavaleiros da Távola Redonda. E essa visão não é nem um pouco bonita. O longa trata a turma de Arthur e sir Lancelot como feios, sujos e malvados. Nem mesmo a mocinha Guinevere escapa: é suja e malvada - feia é impossível, porque o papel é de Keira Knightley. Clive Owen, na época em ascensão, compõe um sólido Arthur entre cenas de batalhas cruentas. O filme é sombrio, enxuto, uma versão totalmente desglamorizada das lendas. Está mais para Game of Thrones do que para Ivanhoé." (Thales de Menezes) - DirectorJosef von SternbergStarsJohn WayneJanet LeighJay C. FlippenAir Force Colonel Jim Shannon is tasked to escort a defecting Soviet pilot who is scheming to lure Shannon to the USSR.''O animado locutor do Sportv, transmitindo um jogo da Olimpíada, de vôlei ou, mais provavelmente, de basquete, dizia a horas tantas que as russas são geladas. E, após uma pausa: "Ao menos eram".
Eram? Como assim? No tempo do comunismo? Agora já não seriam mais por conta da mudança de regime? A frieza será então uma característica ideológica? Mas será que aquelas russas geladas eram mesmo comunistas ou só fingiam? Enfim, o locutor move-se no mundo da Guerra Fria. Ela é que o informa. E certamente ele não viu "Estradas do Inferno". Eis o ponto. Porque lá existe uma russa, aviadora, que em determinado momento vai parar nos EUA e desce dizendo que está fugindo. A russa em questão é Janet Leigh. Uma aviadora ou um avião? As duas coisas. O coronel encarregado de checar essa história duvidosa é John Wayne, que fica boquiaberto com o encanto da moça. Eis aí uma russa nada gelada. É claro que a moça é uma espiã, cujo objetivo é passar informações para Moscou. O que não impede que o coronel caia de amores e case com ela. O que acontecerá? Uma vitória do comunismo? Ficaremos todos gelados? Em todo caso, e com certeza, estamos diante de um caso de vitória do erotismo. É verdade que Joseph von Sternberg, o diretor, renegou o filme, talvez porque a montagem final o traísse e expressasse mais as idéias do produtor Howard Hughes (cinema é que nem espionagem: uma coisa cheia de traições). É possível que Hughes tenha imposto à figura de Leigh um lado de vulgaridade que Sternberg não queria engolir (Hughes adorava seios grandes). Mas os aviões de Estradas são um assombro. Leigh é só o primeiro entre eles." (* Inácio Araujo *) - DirectorFrank M. CaloNick HammStarsRobert De NiroGreg KinnearRebecca RomijnA couple agree to have their deceased son cloned, under the supervision of an enigmatic doctor, but bizarre things start to happen several years after his rebirth.''Podem ser uma delícia os filmes de terror: são, entre outras, o melhor modo de explorar as relações entre o real e o imaginário, instaurando um terreno de plena ambigüidade. Isso é o que se tem em um filme bem-sucedido como A Vila, por exemplo. E o que não acontece com "O Enviado", dirigido por Nick Hamm. As razões são muitas e de várias ordens. Existe um bom ponto de partida: um casal inconsolável com a perda de seu filho, que acaba de fazer oito anos, recebe a proposta de um médico para que seja feita uma clonagem. OK, temos aí um tema próximo de Frankenstein, em que o homem aspira tomar o lugar de Deus, embora devidamente atualizado. Que a coisa vai dar errado, sabemos de imediato. Até que os primeiros momentos de desarranjo são promissores. Assim que completa oito anos, o jovem Adam começa a ter terríveis pesadelos com o outro Adam, o que morrera: ele é a aparição de si mesmo, o terror de si mesmo. Mas quem é o outro? Sonho, aparição, zumbi ou o quê? Essa sensação de dúvida quanto ao destino de Adam e esperança quanto ao destino do filme logo se esvai, tanto porque o roteiro é tolo, como porque Hamm não controla as situações de dúvida. Se em determinados momentos trabalha quase à maneira de M. Night Shyamalan (e o efeito é apenas imitativo), com mais freqüência recorre ao terror de sustos, por vezes sem qualquer justificativa. À medida que avança, o filme ressente-se de inconsistências, como a fragilíssima construção dos personagens e a deficiente criação de atmosfera. Assim, ninguém se espantará de que o exercício a que "O Enviado" mais se dedica seja tropeçar nas próprias pernas." (* Inácio Araujo *)
- DirectorTaylor HackfordStarsJason StathamJennifer LopezMichael ChiklisA thief with a unique code of professional ethics is double-crossed by his crew and left for dead. Assuming a new disguise and forming an unlikely alliance with a woman on the inside, he looks to hijack the score of the crew's latest heist."Artesão à moda antiga, Taylor Hackford é do tipo de diretor que abdica de um estilo próprio para servir ao gênero no qual trabalha no momento. Mais ou menos como um atual Michael Curtiz (diretor de Casablanca), se é que podemos compará-los. Tomemos dois filmes como exemplo. Em Advogado do Diabo (1997), Hackford despe-se de todo tipo de maneirismo e deixa que Al Pacino domine as cenas com uma afetação calculada e eficiente. Na cinebiografia Ray (2004), parece tomado pelo espírito de Martin Scorsese e realiza um filme febril e delirante, exatamente como o Ray Charles que vemos na tela. No mais recente "Parker", por sua vez, temos um filme de assalto vagabundo, e dos bons. Serve como veículo para Jason Statham, um desses atores carismáticos sem que se saiba bem por que motivo. Ele vive o famoso ladrão criado por Donald E. Westlake, escritor americano que morreu em 2008. O personagem já havia aparecido em diversos outros filmes, mas com outro nome. Os mais famosos são À Queima-Roupa (John Boorman, 1967), com Lee Marvin, e O Troco (Brian Helgeland, 1999), com Mel Gibson. Diretores como Jean-Luc Godard e o injustiçado John Flynn também adaptaram histórias do personagem, em "Made in U.S.A." (1966) e The Outfit (1973), respectivamente. Diante de tamanho pedigree cinematográfico, esta nova aventura empalidece. Sua estatura é bem mais discreta, embora tenha charme. "Parker" é uma espécie de ladrão justo, que só rouba gente de muitas posses e só machuca quem realmente merece ser machucado. Quando é traído, logo no início, tenta resgatar o que lhe devem, com a ajuda de uma corretora imobiliária (Jennifer Lopez). Com algum humor e uma boa dose de violência, o filme lida bem com certos clichês do cinema de ação: herói que tem nove vidas (como diz um personagem), armas que não disparam, matadores de aluguel que aparecem sorrateiramente, mulheres sedutoras. Mérito de Hackford, que domina o ritmo das sequências, consegue de cada ator a interpretação no tom certo e, claro, dribla a verossimilhança a todo momento em favor de uma pulsão cinematográfica típica de filmes B. É curioso como algumas expectativas são dribladas. Por exemplo: Lopez é uma mulher madura e sedutora. Separada, ela apaixona-se por "Parker", mas percebe que nunca terá uma chance com ele, pois o coração do protagonista já pertence a outra (a filha de um ladrão veterano). Sua recompensa virá de outra forma." (SA)
- DirectorSean PennStarsJack NicholsonDavid MorseAnjelica HustonFreddy Gale is a seedy jeweller who has sworn to kill the drunk driver who killed his little girl."A dor da perda é maior que a da verdade? "Acerto Final" deixa claro que não. Jack Nicholson é Freddy Gale, o pai que abandonou a mulher após perder a filha atropelada por um delinqüente. Bem no começo, brincando e bebendo com os amigos numa boate, parece um tremendo canalha. De repente, surge nele um semblante tristonho, de alguém que carrega um corte nas vísceras, e aí vemos um desgraçado. Sean Penn se utiliza deste traço do cinema, o de trazer o subterrâneo à superfície, por imagem ou palavra, jamais para alcançar uma ordem no epílogo. O que está em jogo é transparecer a inexorabilidade da tragédia, e num caminho mais que doloroso. E que magnífico filme, que encontra beleza até no inferno deste homem." (Paulo Santos Lima)
53*1996 Globo / 1995 César - DirectorRobert LuketicStarsReese WitherspoonLuke WilsonSelma BlairElle Woods, a fashionable sorority queen, is dumped by her boyfriend. She decides to follow him to law school. While she is there, she figures out that there is more to her than just looks.''Já pelo título, "Legalmente Loura" é um desses filmes que afugentam os fãs mais intelectualizados. Mas eles é que estão errados. Esta comédia é uma boa demonstração de como se pode trabalhar dignamente num puro sistema industrial. Ninguém espere um novo "Cidadão Kane". Mas não precisamos disso todos os dias.
A premissa: uma jovem loira utiliza os seus muitos conhecimentos mundanos para ajudar seus clientes ali onde cérebros privilegiados falham. Vivemos não só no estado de direito, mas no estado do direito. Não se dá três passos sem precisar de advogado. Não se passa um ano sem filme sobre eles. O desvio pela loiritude explora os clichês desse gênero de filme tanto quanto os de um mundo feito de clichês. Joga um contra outro. E salve-se quem puder." (* Inácio Araujo *)
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''De tempos em tempos alguns filmes ressuscitam. Agora é a vez de "Legalmente Loira". Há alguns anos passava dia sim, dia não, transitava entre um canal e outro. Depois sumiu. Entrou em cena a sequência. Ninguém dirá que se trata de um grande filme. Mas Robert Luketic dirigiu, sim, uma boa comédia, que aproveita bem os dotes cômicos da protagonista Reese Witherspoon. Ela é a loira presumivelmente burra que leva sua futilidade a uma dessas grandes faculdades de direito. Só entra lá, diga-se, para acompanhar o namorado, Warner (Matthew Davis), que passa a esnobá-la. O tempo mostrará como ela se vira para tornar-se advogada. '' (** Inácio Araujo **)
59*2002 Globo - DirectorThierry BinistiStarsAgathe BonitzerMahmud ShalabyHiam AbbassTal is 17 years old. Naim is 20. She's Israeli. He's Palestinian. She lives in Jerusalem. He lives in Gaza. They were born in a land of scorched earth, where fathers bury their children. They must endure an explosive situation that is not of their choosing at an age where young people are falling in love and taking their place in adult life. A bottle thrown in the sea and a correspondence by email nurture the slender hope that their relationship might give them the strength to confront this harsh reality to grapple with it, and thereby ever so slightly change it. Only 60 miles separate them but how many bombings, check-points, sleepless nights and bloodstained days stand between them?"O olhar humanista é uma característica de certo cinema francês, mas muitas vezes essa abordagem derrapa na ingenuidade e nos bons sentimentos. É o caso de "Uma Garrafa no Mar de Gaza", dirigido por Thierry Binisti, que adaptou um romance juvenil de Valérie Zenatti. Tal (Agathe Bonitzer) é uma francesa de 17 anos que vive em Jerusalém com os pais. Depois de um atentado cometido em seu bairro por um camicase, ela escreve uma carta a um palestino imaginário em que rejeita a violência como saída para o conflito entre os dois povos. Lançada ao mar em uma garrafa, a carta chega às mãos de Naim (Mahmud Shalaby), um palestino de 19 anos que nunca saiu da faixa de Gaza. Os dois jovens começam a trocar e-mails e, aos poucos, a incompreensão vai dando lugar ao afeto. A vontade de compreender o outro é um gesto generoso que inspira simpatia, mas a amizade epistolar avança na base das frases feitas, da sinceridade cheia de pureza. Os sentimentos suplantam o conflito político, que, infelizmente, fica em segundo plano. Além da inocência contida na ideia de que o afeto pode vencer a aberração, a narrativa é conduzida por dois personagens demasiado convenientes: a moradora de Israel que se preocupa com o sofrimento dos inimigos e um palestino que não é um homem-bomba, mas um rapaz sensível à cultura francesa. Um dos poucos méritos do filme é ter sido fiel ao livro, não impondo um final feliz que colocaria tudo a perder." (Alexandre Agabiti Fernandez)
- DirectorBusby BerkeleyStarsMickey RooneyJudy GarlandFay BainterJudy Garland and Mickey Rooney star in a musical directed by Busby Berkeley as two talented teenagers dreaming of success as Babes on Broadway.CALOUROS NA BROADWAY
''No início dos anos 1940, a dupla Mickey Rooney, 92, e Judy Garland (1922-1969) cantava, dançava e atuava. Emplacaram a parceria em dez filmes de sucesso. O primeiro foi em 1937, Thoroughbreds Don't Cry, ele, aos 17 anos, e ela, aos 15. Mas sua popularidade disparou com os musicais produzidos por Arthur Freed, todos divertidos passatempos para toda a família. Quatro saem agora em DVD pelo selo Colecione Clássicos. "Calouros na Broadway", de 1941, é talvez o melhor. Mostra os garotos tentando emplacar um musical no teatro. Isso fica bem fácil com as belas canções de George e Ira Gershwin. Os outros DVDs da dupla recém-lançados valem a pena. São eles Sangue de Artista (1939), O Rei da Alegria (1940) e Loucos por Saias (1943)." (Thales de Menezes)
14*1942 Oscar - DirectorMarco BellocchioStarsPier Giorgio BellocchioElena BellocchioDonatella FinocchiaroThe film, a nostalgic fantasy documentary, depicts in six episodes a family story in Bobbio between 1999 and 2008. We discover the 5 years-old Elena being brought up by her aunts (Marco Bellocchio's sisters) because her mother Sara is trying to succeed as an actress in Milan. Her uncle Giorgio has a difficult relationship with his sister and judges her for not taking care of her daughter. But as soon as Sara can afford it, she offers to take Elena with her, leaving the village and her aunts, perhaps for ever - while Giorgio, up to his eyeballs in debt, takes refuge in Bobbio. His sister will help him and sell a house.IRMÃS JAMAIS
"Se não é de seus melhores filmes, "Irmãs Jamais" é certamente uma obra pessoal de um artista que nunca deve ser menosprezado. Marco Bellocchio foi um dos principais diretores do cinema moderno italiano. Seus dois primeiros filmes, De Punhos Cerrados (1965) e A China Está Próxima (1967), o colocaram no mais alto panteão cinematográfico. Seus longas de alta densidade política e religiosa marcaram o auge do cinema de seu país. "Irmãs Jamais" (2010) é um ensaio familiar realizado no curso de alta especialização cinematográfica Fare Cinema, que Bellocchio dirige em Bobbio (Itália). A trama narra pequenos eventos, divididos em seis episódios gravados entre 1999 e 2008, com alguns familiares do diretor, e alterna um registro documental com uma representação ficcional. Temos Sara, a aspirante a atriz, que vai para Milão e deixa sua filha aos cuidados de duas tias, cujos relatos preenchem o filme de humor. Temos ainda Giorgio, o tio que é ator e foge de credores. Esse personagem é interpretado pelo filho de Bellocchio, Pier Giorgio, que atuou em diversos filmes do pai. Existem outros personagens que por vezes roubam nossa atenção, como a bela namorada de Giorgio. Neste período de nove anos em que "Irmãs Jamais" foi filmado, Bellocchio dirigiu a maior obra-prima do cinema italiano contemporâneo, A Hora da Religião (2002). Diretor habilidoso no retrato de personagens que enlouquecem por amor ou enfrentam pressões da sociedade, Bellocchio experimentou, com "Irmãs Jamais", a captação digital de câmeras semiprofissionais. Por isso não é um filme fácil. A imagem escura e a baixa definição podem afastar alguns espectadores, ainda que seja perceptível uma melhoria na qualidade nos episódios mais recentes. A indefinição de foco narrativo é outro empecilho. Mas são problemas inerentes à proposta do diretor. Bellocchio é um dos poucos cineastas capazes de fazer com que essa inevitável confusão estrutural encontre milagrosamente uma fluidez. Se não é de seus melhores filmes, "Irmãs Jamais" é certamente obra pessoal de um artista que nunca deve ser menosprezado." (Sergio Alpedre) - DirectorWalter HillStarsDavid CarradineStacy KeachDennis QuaidThe origins, exploits and the ultimate fate of the Jesse James gang is told in a sympathetic portrayal of the bank robbers made up of brothers who begin their legendary bank raids because of revenge.CAVALGADA DOS PROSCRITOS
A morte é uma grande questão que transita nos westerns. "Cavalgada dos Proscritos" lida com este momento último da vida ao falar sobre a emboscada contra o bando de Jesse James. Walter Hill optou, não sem razão, por um elenco composto por irmãos, dos Carradine aos Quaid, emprestando ao filme certa autenticidade e fazendo transpirar mais vida dos personagens. Esse quase naturalismo contrasta com a estetização do massacre, que será apresentado em câmera lenta e o som dos tiros, explosões de vísceras e gritos agonizantes sintonizado com essa velocidade freada da imagem. Tal opção cria um raro e belíssimo efeito, amplificando o momento crucial da morte, esse instante no qual o pistoleiro silencia de vez a sua arma." (* Inácio Araujo *)
1981 Palma de Cannes - DirectorNigel ColeStarsHelen MirrenJulie WaltersPenelope WiltonA Women's Institute chapter's fundraising effort for a local hospital by posing nude for a calendar becomes a media sensation.GAROTAS DO CALENDÁRIO
''A cinematografia britânica atual parece se apoiar num tripé imutável: comédias muito bem escritas ou baseadas em bons livros (Quatro Casamentos e um Funeral, Um Grande Garoto), thrillers de ação subtarantinescos (toda a obra de Mr. Madonna e seus asseclas) e o chamado fell good movie, cujo exemplo de maior sucesso é "Ou Tudo ou Nada", mas também Billy Elliott e tantos outros. É nessa última vertente que se encaixa "Garotas do Calendário", que estréia hoje em São Paulo. Conta a história verídica de senhoras de meia-idade que em 1999 chocaram a cidadezinha de Rylstone, em North Yorkshire, ao resolverem posar nuas para o tradicional calendário da seção local do Women's Institute (Instituto das Mulheres), uma instituição de donas-de-casa tão britânica quanto o chá das cinco. Chris (Helen Mirren) e Annie (Julie Walters) não agüentam mais a chatice que são os encontros semanais da organização -um dos últimos temas foi a ervilha, essa desconhecida. Um dia, Annie descobre que seu marido, um jardineiro adorado pela comunidade, está com leucemia. Em pouco tempo, morre, não sem antes dizer que para ele as mulheres de meia-idade como a sua e seu grupo de amigas são como girassóis que desabrocharam. Como homenagem ao amigo morto, elas resolvem vencer a timidez e fazer o tal calendário, para levantar fundos para a sala de espera dos acompanhantes de pacientes de câncer do hospital local. Vira um sucesso mundial, vendendo mais do que o de Britney Spears naquele ano e levando o grupo de mulheres para Hollywood, para dar entrevista ao Jay Leno e protagonizar comerciais. O fell good movie (literalmente, filme para se sentir bem) é original de Hollywood, mas encontrou um eco enorme no Reino Unido, com alguns diferenciais. Nos EUA, é invariavelmente o zé-ninguém que luta contra o opressor terrível (governo, grandes corporações...) e sai vencedor. Na terra de Tony Blair, ocorre o mesmo, mas com um toque marcante de bom humor. E, geralmente, melhores atores, caso de Helen Mirren e Julie Walters, duas hors-concours. Aqui, Nigel Cole literalmente repete o argumento de seu relativo sucesso anterior, a comédia Saving Grace, de 2000, em que também uma dona-de-casa, também de meia-idade e também de uma cidadezinha do interior da Inglaterra que se vê na miséria depois do suicídio do marido e, para sobreviver, começa a plantar e vender maconha. A diferença é que se tratava de uma ficção.
Como "Garotas do Calendário'', não mudou a vida de ninguém, mas também não tirou pedaço." (Sergio Davila)
61*2004 Globo